Margarida Blasco justificou esta quinta-feira o seu silêncio nos últimos dias com o conselho das autoridades para "que não haja intervenções desadequadas e desnecessárias" no teatro de operações, referindo que só agora se dirige ao país por existir "tempo para prevenir, agir e falar".
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"Aconselham que não haja intervenções e presenças desadequadas nos teatros de operações, por ser o tempo de informar sobre os pontos de situação ou recomendações necessárias. Foi o que fizemos", afirmou a ministra, numa conferência de imprensa, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa).
Margarida Blasco referiu haver "tempo para prevenir", "para agir", "para acompanhar funerais". "E, finalmente, há o momento, como este, para falarmos ao país", disse, justificando assim o seu silêncio desde domingo, dia em que começaram os incêndios que têm assolado Portugal Continental, principalmente as regiões Norte e Centro.
Quanto aos relatos da presidente da Câmara Municipal de Arouca que se queixou da falta de apoio da ministra da Administração Interna na primeira noite dos incêndios, a ministra observou que "não recebeu esse telefonema" e acrescentou que "o número de telefone que lhe foi dado [à autarca] não era o meu [de Margarida Blasco]". Questionada ainda pelos jornalistas sobre as falhas na gestão dos incêndios no terreno, a ministra preferiu não comentar uma vez que "ainda existem fogos" ativos, remetendo justificações para mais tarde.
Durante a conferência de imprensa, a governante adiantou também que a equipa especial para investigar fogos vai reunir-se pela primeira vez na próxima segunda-feira, pelas 15.30 horas. O encontro vai ser liderado pelo primeiro-ministro e que contará com a presença da Procuradora-Geral da República, a ministra da Justiça, a ministra da Administração Interna, o diretor nacional da Polícia Judiciaria, o comandante geral da GNR e o diretor nacional da PSP. Apesar do envolvimento desta equipa de investigação, Blasco realçou que é necessário "destrinçar entre aqueles que eventualmente sejam negligentes dos outros que possam configurar a existência de uma associação criminosa".
Quanto ao teatro de operações, a ministra notou que "que tivemos o maior dispositivo de combate aos incêndios alguma vez mobilizado no país". Entre 14 e 18 de setembro, contam-se 1044 ignições, incluindo 416 em período noturno. Estiveram empenhados 37 772 operacionais; 10639 meios terrestres. Foram ainda realizadas 827 missões aéreas de combate a que correspondem 8757 descargas. No total, já arderam 95 146 hectares neste período.