Eve Gilles diz que venceu a "diversidade": com "visual andrógino", fez história e vai representar França em 2024.
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França já escolheu a sua representante no próximo concurso Miss Universo, que se realizará em novembro de 2024, no México, despertando a polémica. Tudo porque Eve Gilles, a eleita, de 20 anos, tem o cabelo curto, o que, em cem anos de história do concurso de beleza francês, nunca acontecera.
Para a vencedora foi uma “vitória da diversidade”. “Estamos acostumados a ver concorrentes bonitas com cabelos longos, mas eu escolhi um visual andrógino com cabelo curto”, afirmou, sublinhando que “cada mulher é diferente”.
Quando as regras do Miss Universo mudaram, aceitando também mulheres transgénero, casadas, divorciadas, grávidas e mães, a eleição de Eve Gilles não foi consensual, não só pelo penteado, mas também pela sua magreza. Nas redes sociais, alguns internautas atribuíram uma “ideologia woke” ao concurso. Perante as reações, alguns políticos saíram em defesa da estudante de matemática que representou a região Nord-Pas-de-Calais.
É isto o progresso?
“Então, em França, em 2023, medimos o progresso do respeito pelas mulheres pelo comprimento dos cabelos?”, questionou a deputada verde Sandrine Rousseau, tida como figura de referência no movimento Me Too. Também Fabien Roussel, secretário nacional do partido comunista, apoiou Eve Gilles, “que já sofre a violência de uma sociedade que não aceita que as mulheres se definam na diversidade”.
“As pessoas que me criticam por causa do meu cabelo não me incomodam, porque eu posso mudar o penteado”, disse a visada ao “Le Parisien”. “Escolhi este cabelo, mas não escolhi o meu corpo, nem o meu metabolismo. Não percebo como alguém pode criticar uma pessoa por algo que não pode mudar”, confessou.
A coroação de Gilles aconteceu dias após os tribunais condenarem a emissora TF1 e a produtora Endemol a pagarem uma indemnização a duas finalistas do Miss França, por terem passado imagens delas seminuas.