Empresário tido como líder da organização e que PJ não conseguiu localizar garante inocência e disponibilidade para esclarecer Justiça.
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A investigação à rede de tráfico de droga que levou à constituição como arguido e realização de buscas em casa do cantor Nininho Vaz Maia tem indícios de que o líder da organização, o empresário Mauro Amaral, branqueava os lucros do crime na compra e venda de veículos. Para isso, contaria com a ajuda de uma irmã, advogada, que também foi constituído arguida. Ontem, os dois detidos foram levados ao juiz de instrução criminal de Loures, que os libertou, com simples termo de identidade e residência.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o homem suspeito de liderar a rede de importação de cocaína da América Latina, que não chegou a ser detido anteontem por não ter sido localizado, tem várias empresas na zona da Grande Lisboa. A investigação acredita que Mauro Amaral comprava e vendia veículos em nome de terceiros para lavar o dinheiro da importação de cocaína. Mas, tal como Nininho Vaz Maia, este empresário nega estar ligado à criminalidade. Ontem, foi ao escritório do seu advogado, Paulo Mendes Santos, mostrar disponibilidade para esclarecer a Justiça.
“Ele não está em fuga. Esteve no meu escritório e mandámos um requerimento para o juiz e para o Ministério Público. Ele está na disponibilidade de esclarecer tudo o que há para esclarecer”, disse ao JN o advogado.
Segundo a investigação do Ministério Público de Loures, esta rede importava cocaína em malas despachadas no Brasil, sem estarem associadas a passageiros. No aeroporto de Lisboa, a droga era rececionada por funcionários de handling e entregue aos operacionais do grupo.
Transportes para Espanha
Ainda segundo o MP, Nininho Vaz Maia seria cliente dessa rede, à qual compraria cocaína para distribuir no território de Espanha. Essas suspeitas são fortemente contestadas pelo cantor. “Importa deixar absolutamente claro que o Nininho está inocente e que confiamos plenamente na Justiça e estamos certos de que tudo será esclarecido com brevidade. Reafirmamos total disponibilidade para colaborar com as autoridades em tudo o que for necessário, mas rejeitamos qualquer associação precipitada”, lê-se num comunicado emitido pela equipa do cantor.
Porém, apesar não ser um dos principais visados na operação batizada “Skys4All”, a PJ suspeita que o artista esteja ligado ao tráfico, em factos que remontam aos anos de 2021 e 2022. E o facto de ter sido apreendido um telefone encriptado na sua posse, da rede “Sky ECC” (igual aos usados por outros suspeitos) consolidou os indícios recolhidos pela PJ.
A PJ também encontrou algum dinheiro na residência de Ninhinho Vaz Maia – na operação foi apreendido um total de 150 mil euros –, mas, contrariamente ao que foi avançado, nada aponta para o envolvimento do artista na “lavagem” dos lucros obtidos com o tráfico.
Sabe o JN que a investigação tem vigilância e escutas telefónicas que sustentam as suspeitas sobre Vaz Maia e Amaral.