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Agora que o F. C. Porto tem um novo presidente, as comparações entre André Villas-Boas e Pinto da Costa vão ser mais do que tentadoras para a maioria dos adeptos, mas pode ser um erro querer estabelecer uma relação entre duas personalidades distintas. O legado de Pinto da Costa é enorme, se calhar inatingível, fazendo com que a fasquia esteja demasiado alta e exigir o céu e a terra ao novo presidente é um desafio irrazoável tendo em conta o contexto de um clube beliscado financeiramente e com várias indefinições desportivas como, por exemplo, a continuidade do treinador.
Também foi assim o palco inicial de Pinto da Costa em 1982, quando herdou um clube que nem tinha dinheiro para comprar ligaduras para o departamento médico e só conquistou o primeiro título de campeão nacional três anos depois das eleições. A massa associativa percebeu os sinais de um projeto que estava a ser construído para se tornar vencedor e esse tem de ser o pano de fundo do próximo mandato de André Villas-Boas, os sócios terem consciência de que o clube está em transformação, a reerguer-se a vários níveis, em que a exigência tem de ser moderada e não pode ser guiada por utopias.
Há ainda outro aspeto importante e que não pode ser esquecido: a nova época do F. C. Porto corre o risco de começar mais tarde do que a dos rivais, porque o novo presidente só vai controlar a SAD a partir do final do mês, o que implica fortes contratempos de planeamento e do poder de execução em decisões estruturantes. A resistência dos administradores em renunciar os cargos no imediato é um pedregulho no caminho de André Villas-Boas, ficando a ideia que se calhar a SAD ainda não interiorizou a vontade dos sócios que quiseram uma mudança radical e de rumo como demonstram os resultados tão expressivos das eleições. É uma intransigência que os adeptos dificilmente compreenderão.