A nova ponte de acesso à Praia de Faro foi inaugurada, este domingo, após uma espera de quase 20 anos, motivada por vários atrasos no arranque da obra. Muitas pessoas quiseram cruzar a travessia algarvia.
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"É um dia muito feliz", congratulou-se o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau. "Vem dar resposta a um grande anseio da comunidade em geral, mas em particular dos moradores da praia e dos farenses, que têm esta zona balnear como de eleição", acrescentou.
Presente na cerimónia, que decorreu numa tenda montada junto à praia, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, destacou a importância da obra para o Algarve e as dificuldades devido ao local onde foi construída.
"É uma obra que se insere nas operações integradas de requalificação e valorização da orla costeira e que tem lugar no Parque Natural da Ria Formosa e também daí todas as dificuldades na sua construção", justificou.
A execução da obra implicou "um especial cuidado no sentido de se assegurar o cumprimento das suas componentes ambientais", com o projeto a ter de sofrer alterações "para se evitar a relocalização das pradarias marinhas que foram identificadas", acrescentou a ministra.
A ponte, com 180 metros de comprimento e um tabuleiro de 11 metros de largura, tem duas faixas de rodagem, uma em cada sentido, ao contrário da estrutura anterior, que tinha apenas uma faixa e a circulação era feita de forma alterada. Situação que provocava, de forma reiterada, filas de longos quilómetros para se entrar e sair da praia, sobretudo no verão, mas também durante o resto do ano, principalmente aos fins de semana. Tem também duas faixas exclusivas para peões e ciclovia. A configuração faz alusão às ondas do mar.
O projeto sofreu vários contratempos ao longo dos anos. Começou por ser lançado pela Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, mas depois de esta sociedade ter terminado o seu mandato e ter sido extinta, foram abertos três concursos que não tiveram candidatos. A obra acabou por passar para as mãos da Câmara Municipal de Faro e avançou em 2022.
Segundo o presidente da autarquia, no lançamento do concurso estava previsto um custo de cerca de 5 milhões de euros, que disparou para 8 milhões.
"Durante a obra foi necessário alterar a tipologia das estacas, que se fixam na água, o que aumentou o custo. Também foi necessário proceder a outras obras, como uma rotunda na entrada da praia para que o trânsito fluísse melhor", explicou Rogério Bacalhau.
Com a nova ponte aberta à circulação a partir de agora, a antiga, que fica ao lado, está desativada e com sinalização de trânsito proibido. Tem quase 70 anos e será demolida mais tarde. Inaugurada em 1957, são visíveis vários sinais de degradação.
Para já, e ao contrário da antiga, a nova estrutura não tem semáforos, mas essa poderá ser uma possibilidade no verão, caso seja necessário controlar as entradas e saídas. Até já também está prevista a requalificação da praia, com novos passeios e um novo piso, que se encontra degradado.
Por se situar num local sensível, a Ria Formosa, e em plena Península do Ancão, a construção da ponte foi acompanhada por especialistas da Universidade do Algarve e do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
Estudo vai avaliar situação das comunidades na Ria Formosa
Na tarde deste domingo, a ministra do Ambiente foi conhecer os núcleos da Ria Formosa, onde só o da Culatra é reconhecido como zona habitacional. Há anos que os moradores de Hangares e de Farol pedem reconhecimento semelhante. Recebida com aplausos e flores, Maria da Graça Carvalho não deixou promessas, sublinhando que será elaborado um estudo para avaliar a situação das três comunidades.
No entanto, sublinhou que estão proibidas novas construções na zona e quer evitar mais demolições, embora tenha ressalvado que não será possível manter habitantes em zonas de risco. Para a ministra, é fundamental que haja um equilíbrio entre a proteção do ecossistema e os direitos dos moradores que vivem nas comunidades da Ria Formosa há anos.