O cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza entrou em vigor às 11.15 horas locais (9.15 horas em Lisboa), anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
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Israel fez o anúncio depois de receber do Hamas os nomes dos três reféns que serão libertados este domingo como parte do acordo, e depois de informar as suas famílias.
O cessar-fogo na Faixa de Gaza começou com quase três horas de atraso relativamente à hora inicialmente prevista (8.30 horas locais e 6.30 horas em Lisboa).
A Faixa de Gaza deverá conhecer uma trégua, pela primeira vez desde novembro de 2023, após o acordo alcançado por Israel e pelo Hamas para parar temporariamente as hostilidades e facilitar a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.
“De acordo com o plano de libertação dos reféns, o cessar-fogo da Fase I em Gaza entrará em vigor às 11.15 horas locais” (9.15 horas em Lisboa), anunciou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na sua conta na rede social X.
Israel exigiu que o Hamas entregasse os nomes dos três reféns israelitas que o movimento islamista palestiniano deveria entregar esta tarde nos termos do acordo.
O Hamas atribuiu o atraso a “razões técnicas”, num processo complexo em que tem de entregar primeiro os nomes à mediação do Qatar, que por sua vez os comunica aos serviços secretos israelitas e, a partir daí, às famílias.
Finalmente, o porta-voz do Hamas, Abu Obeida, divulgou publicamente os nomes das três reféns que serão libertadqs esta tarde: Romi Gonen, 24 anos, Emily Damari, 28 anos, e Doron Steinbrecher, 31 anos.
Damari e Steinbrecher foram raptadas das suas casas no Kibutz Kfar Aza durante o massacre de 7 de outubro, enquanto Gonen foi raptada do festival de música Nova, outro dos epicentros do ataque das milícias palestinianas a Israel que desencadeou a guerra de Gaza.
Entretanto, o Qatar e o Egito, mediadores e garantes, juntamente com os Estados Unidos, do acordo entre Israel e o Hamas, confirmaram já a entrada em vigor do cessar-fogo.
“Confirmamos que os nomes dos três reféns que serão libertados hoje foram entregues ao lado israelita. São três cidadãos israelitas, uma delas de nacionalidade romena e o outra de nacionalidade britânica, pelo que o cessar-fogo já começou”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Al Ansari, numa mensagem na rede social X.
Oito mortos esta manhã
A violência em Gaza manteve-se até ao último momento: depois de o acordo ter sido interrompido às 7.30 horas, Israel anunciou o início de bombardeamentos em vários pontos de Gaza, que causaram pelo menos oito mortos e 25 feridos, segundo a Defesa Civil do enclave.
A libertação das três mulheres raptadas está prevista para hoje às 16 horas locais (14 horas em Lisboa). Dentro de uma semana, serão libertadas outras quatro mulheres.
Na primeira fase do acordo, Israel e o Hamas concordaram com um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual haverá uma troca gradual de 33 reféns israelitas por mais de 1900 prisioneiros palestinianos.
Durante essas seis semanas, serão também realizadas negociações para uma segunda fase da trégua, que permitirá a libertação de todos os reféns israelitas em Gaza e lançará as bases para o fim da guerra.
O cessar-fogo deverá pôr termo aos combates após 15 meses de guerra e permitir a libertação de dezenas de reféns detidos pelos militantes na Faixa de Gaza e de centenas de palestinianos presos por Israel.
O Conselho de Ministros de Israel aprovou o acordo na madrugada de sábado.
Milhares de palestinianos deslocados pela guerra também voltaram este domingo às estradas para regressar às suas casas na Faixa de Gaza.
Discutido pelos mediadores dos Estados Unidos, do Qatar e do Egito em meses de conversações indiretas entre as partes beligerantes, o cessar-fogo é a segunda trégua alcançada no devastador conflito.
O ataque de 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel, liderado pelo Hamas, matou cerca de 1200 pessoas e deixou outras 250 em cativeiro. Cerca de 100 reféns permanecem em Gaza.
Israel respondeu com uma ofensiva que matou mais de 46.000 palestinianos, segundo as autoridades sanitárias locais, que não distinguem entre civis e militantes, mas afirmam que as mulheres e as crianças representam mais de metade dos mortos.