Um dia depois de ter visto o F. C. Porto conquistar o quarto troféu da época, Pinto da Costa deu uma entrevista à RTP em que voltou a dizer que só venderá Hulk e Falcao pelo valor das cláusulas de rescisão. O líder dos dragões garantiu que Villas-Boas é inegociável.
Corpo do artigo
Com o Estádio do Dragão em pano de fundo e as quatro taças ganhas na presente época ao lado, Pinto da Costa deu ontem a entrevista de consagração da temporada, na qual repetiu uma série de ideias já expressas nos últimos dias, sobretudo relacionadas com as movimentações no plantel às ordens de André Villas-Boas.
Segundo o presidente do F. C. Porto, o treinador voltará na próxima época, porque o próprio se considera "inegociável", tendo em conta que a cláusula de rescisão, de 15 milhões de euros, nem é muito significativa para alguns clubes europeus. "Villas-Boas não quer sair", referiu o dirigente dos dragões, garantindo que só as cláusulas de rescisão poderão tirar Hulk e Falcao da equipa azul e branca: "Hulk disse após a final da Taça que não é doido para querer sair do F. C. Porto... Falcao tem mais dois anos de contrato e estamos a tratar da renovação".
Pinto da Costa afirmou que o orçamento do futebol para a próxima época "até poderá subir", apesar de Villas-Boas não lhe ter pedido nenhum jogador até agora. "Para ele, o importante é não sair ninguém", revelou, mesmo sem garantir que, por exemplo, o médio Fernando não possa estar de malas aviadas para outras paragens. "Se baterem as notas da cláusula, pode sair. No Brasil dizem que já não volta? Eu, se fosse agora para o Brasil, também pensava duas vezes em voltar...".
Carta elogiosa de Platini
Numa entrevista que durou cerca de meia-hora, o presidente do F. C. Porto abordou vários temas, entre os quais o da situação financeira do clube, que considera "estável", com um passivo de "70 milhões", e o da denúncia feita na Procuradoria-Geral da República sobre o alegado jantar com o árbitro do jogo com o Villarreal, já desmentido à UEFA, sobre a qual não se mostrou minimamente preocupado.
O dirigente elogiou a acção da Liga de Clubes, apesar de ter reafirmado que nunca apoiou Fernando Gomes porque quer estar o mais afastado possível das instituições que comandam o futebol português: "Os problemas da Liga ou da Federação passam-me ao lado e só exijo que as pessoas sejam sérias e trabalhadoras. Só falo do que me diz respeito".
Pinto da Costa revelou que Michel Platini, presidente da UEFA, lhe enviou uma carta em que considerou "um exemplo" a forma como o F. C. Porto obteve os excelentes resultados desta época e como decorreu a final de Dublin, onde não festejou exeuberantemente devido à amizade que tem com muitas pessoas do Braga.
Em contraponto, confessou que as vitórias obtidas nesta época sobre o Benfica foram vividas mais intensamente. "Ganhámos a Supertaça quando se dizia que íamos para a degola. Depois, goleámos no Dragão por 5-0. Mais tarde, vencemos na Luz, primeiro sem luz e depois com luz, garantindo o título e a passagem à final da Taça de Portugal", sublinhou.
Voltando ao início da época, Pinto da Costa disse que, se houve altura em que teve a "certeza de que ia triunfar", foi quando contratou Villas-Boas, um treinador que, na opinião do dirigente, só é comparável com José Mourinho na competência: "Villas-Boas tem a vantagem de ser tão portista como eu. Mourinho não é porque nasceu em Setúbal numa altura em que lá não havia portistas. Agora, felizmente, há muitos".