A imprensa alemã dá, esta sexta-feira, grande destaque à cimeira europeia que aprovou na quinta-feira um novo pacote de ajuda à Grécia e outras medidas para estabilizar a moeda única, sublinhando a liderança de Angela Merkel neste processo.
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"Merkel cunhou o euro", diz o "Tageszeitung", em manchete que reproduz uma moeda de um euro com o perfil da chanceler ao centro.
O matutino da esquerda ambientalistas e revolucionária, normalmente crítico em relação à chefe do governo democrata cristã, acrescenta em subtítulo que Merkel "impôs na cimeira europeia a sua exigência quanto à participação da banca e dos seguros na salvação da Grécia".
Em editorial intitulado "Uma Cimeira Histórica", o "Tageszeitung" acrescenta que, com as decisões tomadas em Bruxelas, "começou uma nova época na história do euro", sobretudo porque o Banco Central Europeu perdeu poderes, as agências de "rating" passaram a ser ignoradas, "e é uma questão de tempo até serem emitidos eurobonds", títulos da dívida pública a nível europeu, que a Alemanha sempre tem recusado.
Em letras garrafais, o tablóide "Bild" diz em manchete "Um Dia Histórico para O Euro", para logo acrescentar em subtítulo que "Merkel impôs-se, os bancos participam na salvação da Grécia", tudo acompanhado por uma fotografia da chanceler, em Bruxelas, a olhar para o céu e a sorrir.
Já o jornal de economia "Handelsblatt" faz uma leitura diferente dos acontecimentos na capital belga, afirmando em comentário que o Banco Central Europeu "perdeu uma batalha, mas ganhou a guerra".
Isto porque o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, aceitou finalmente que a Grécia entre em incumprimento, ainda que parcial, depois de se ter oposto sempre a esta solução, que tem forte impacto nos 50 mil milhões de euros de títulos gregos que o banco emissor europeu possui.
Por outro lado, Trichet obrigou os políticos a fazerem aquilo que tinha exigido há muito tempo, aumentar as verbas para financiar a Grécia, e alargar as competências do fundo de resgate europeu.
"Por isso o BCE pode arriscar perder uma batalha, para ganhar a guerra, e concentrar-se de novo na política monetária deixando a política financeira para os políticos".
Quanto ao "Tagesspiegel", matutino berlinense de referência, em comentário intitulado"A Caminho da Europa", afirma que "é bom que haja finalmente mais clareza, mais segurança", acrescentando que os líderes da zona euro "parece que reconheceram a gravidade da situação".
O novo pacote de ajudas à Grécia totaliza 109 mil milhões de euros, o prazo de pagamento dos empréstimos da União Europeia e do FMI passa de sete anos e meio para 15 anos, e os juros descem de 4,5 por cento para 3,5 por cento, o que significa que Atenas poupará 30 mil milhões de euros.
Os credores privados participam com 37 mil milhões de euros, aceitando trocar títulos da dívida helénica prestes a expirar por novos com maturidade a 30 anos, o que significa uma poupança de mais 30 mil milhões de euros para a Grécia.