A imprensa e a blogosfera gregas receberam a aprovação do segundo plano de ajuda à Grécia em Bruxelas com artigos explicativos e um debate semântico sobre "bancarrrota selectiva".
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Os jornais de Atenas noticiam o plano de ajuda como "um colete salva-vidas para a Grécia e o euro", como o diário Ethnos, conotado com as posições do centro-direita.
Uma cimeira extraordinária da Zona Euro aprovou, na quinta-feira, um segundo plano de ajuda, prolongando os prazos de maturidade da dívida grega de 7,5 para 15 anos, aligeirando as taxas de juro e chamando o sector privado a participar no pacote de ajuda.
"Novo Plano Marshall para a Grécia, abre-se uma janela de esperança", resume o diário pró-governamental Ta Néa.
A página da Democracia Aberta, o movimento que há meses participa na contestação popular às medidas de austeridade seguidas pelo Governo de Atenas, recebeu o anúncio do segundo plano em tom diferente, denunciando um "contra-senso" que confirma a "chantagem" do primeiro-ministro, Georges Papandreou.
O chefe do executivo e o seu ministro das Fiannças, Evangelos Venizelos, apresentaram aos gregos e à oposição parlamentar, nas últimas semanas, a situação dramática de escolherem entre "um novo plano ou a bancarrota".
A Democracia Aberta acusa agora o primeiro-ministro de ter concordado com um plano de ajuda "que é, afinal, uma bancarrota", mesmo que parcial, temporária ou selectiva, uma ideia sublinhada em comentários na blogosfera grega.
Alguns colunistas e comentários na página do diário liberal Kathimerini, conotado com as posições da oposição grega, repetem hoje a mesma ideia.
Vários responsáveis políticos gregos e figuras da oposição têm esgrimido, nas últimas semanas, a semântica do mecanismo de ajuda agora adoptado pela Zona Euro e palas instituições financeiras internacionais.
A expressão em inglês "selective default", ou incumprimento selectivo, é traduzível em grego por "epilektiki xreokopia", o que é o mesmo que "bancarrota selectiva".
A imprensa grega publica também hoje artigos explicativos do que foi aprovado na quinta-feira em Bruxelas, desenvolvendo temas como "O que significa a bancarrota parcial", "Qual é o resultado?" ou "Como é que o plano vai afectar a Grécia".
Para os mais críticos, como o diário de esquerda Elephterotypia, a Grécia entra "num túnel de 30 anos" e será submetida "a um controlo internacional com o risco de ser submetido a dívida parcial".
A cimeira da Zona Euro ocorreu perante a indiferença de uma larga franja da população grega, segundo diferentes relatos de correspondentes internacionais em Atenas.
Na capital grega, a reunião extraordinária de Bruxelas coincidiu com o terceiro dia consecutivo de greve dos taxistas, em protesto contra a desregulamentação do sector.
O ambiente é, segundo os mesmos observadores, "tenso e volátil", com o anúncio de outras manifestações de protesto pelos operadores portuários.