Uma recessão mais prolongada ou a inclusão da dívida de empresas públicas e PPP nas contas nacionais pode aumentar a dívida pública em 10 a 15% do PIB, o que aliado a juros mais altos, a tornaria insustentável, diz o FMI.
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Na análise de sustentabilidade de dívida pública que acompanha os documentos da sexta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) divulgada esta sexta-feira, a fundo aponta vários riscos ao cenário previsto para a trajetória da dívida pública nos próximos anos.
Para já, a análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a dívida pública atinja o seu máximo em 2014 quando chegar a 122% do Produto Interno Bruto (PIB), começando a reduzir-se de forma gradual a partir dessa altura.
Para chegar aos níveis anteriores à crise, caso se concretizem as estimativas atuais e as condições a elas associadas, serão preciso mais de 15 anos, apontando o fundo para 2030 apenas.
Os valores até são mais baixos que na última avaliação, quando se esperava que o máximo fosse de 124% do PIB, graças à utilização pelo Governo da tesouraria disponível para fazer face às suas necessidades de financiamento.
No entanto existem vários riscos que podem, em última análise, tornar a dívida pública insustentável aos olhos do FMI, que reconhece que a sua exposição a Portugal está prestes a atingir o seu nível máximo.
O FMI diz que existem "riscos plausíveis que podem prejudicar consideravelmente a dinâmica da dívida pública portuguesa".
Entre estes riscos está uma recessão mais prolongada ou profunda que a estimada atualmente ou a realização de potenciais imparidades identificadas, nomeadamente com PPP e dívida de empresas públicas.
"Uma recessão mais prolongada ou a realização de grandes imparidades potenciais iriam levar cada uma a um rápido aumento do nível de dívida pública face ao PIB (em 10-15 pontos percentuais) seguido de uma redução gradual", alerta o FMI.
O fundo analisou ainda o efeito de um aumento dos custos de financiamento do Estado e diz que tal poderia atrasar de forma significativa o ritmo de redução de dívida pública.
O FMI considera ainda que estes três fatores combinados - recessão mais prolongada, aumento temporário dos custos de financiamento e realização de imparidades - "poderia tornar a dívida pública portuguesa insustentável".