O presidente de Chipre, Nicos Anastasiades, avançou, esta sexta-feira, que vai pedir "ajuda suplementar" à União Europeia para a ilha cipriota, que se debate com as severas medidas de austeridade impostas no âmbito do plano de resgate definido pelo Eurogrupo.
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O presidente Nicos Anastasiades afirmou que já falou ao comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, num momento em que os ministros das Finanças da zona euro se encontram reunidos em Dublin para concluir o plano de resgate.
O responsável adiantou ainda que irá escrever ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
"A carta ao presidente Barroso e ao senhor Rompuy vai sublinhar a necessidade de uma mudança na política da União Europeia em relação a Chipre, nomeadamente no sentido de uma ajuda suplementar, tendo em conta as dificuldades que enfrentamos devido à crise económica e às medidas que nos foram impostas", sublinhou o presidente, sem acrescentar mais pormenores.
A zona euro deverá pronunciar-se, esta sexta-feira, em Dublin, sobre as modalidades da assistência a Chipre, que terá de fazer mais esforços dos que os previstos.
A reestruturação do setor bancário, que acompanha o resgate e que inclui a retirada de depósitos, bem como as medidas de austeridade, vão afetar "negativamente" a economia a curto prazo, revelou na quinta-feira o relatório de Sustentabilidade da Dívida Pública de Chipre, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu.
O resgate a Chipre será de 10 mil milhões de euros, dos quais nove mil milhões de euros são provenientes do Mecanismo de Estabilidade Europeu e os outros mil milhões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No entanto, Chipre terá de juntar outros 13 mil milhões de euros (equivalentes a 75% do PIB) através da subida de impostos, corte de gastos, um ambicioso programa de privatizações e a reestruturação bancária. De acordo com as previsões da CE, a economia de Chipre só voltará a crescer em 2015, com um fraco acréscimo de 1,1% do PIB.
A dívida pública, que terminou 2012 em torno dos 86% do PIB, deverá subir este ano - devido à crise e aos fundos do resgate - para 109%, alcançando 126% em 2015, ainda que estes valores possam variar segundo o comportamento dos juros e de outros fatores macroeconómicos.
Em contrapartida, o défice entrará num ciclo descendente se se cumprirem as previsões europeias, com base nas medidas de disciplina fiscal acordadas, e baixará de 5,8% em 2012 até 0,2% em 2016, não podendo alcançar excedentes até 2017 devido ao pagamento de juros e serviço da dívida.
As grandes linhas do plano negociado estão em cima da mesa desde março, mas a situação económica do país deteriorou-se significativamente desde então. "As necessidades financeiras de Chipre evoluíram num contexto de recessão mais profunda que o previsto", frisou fonte próxima das negociações.