O porta-voz de um "gabinete de crise" dos suinicultores disse estar de acordo com a criação de quotas de produção para a carne de porco, medida que irá ser defendida em Bruxelas pelo ministro Capoulas Santos.
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Questionado sobre esta intenção anunciada quarta-feira pelo ministro da Agricultura, João Correia sublinhou que é uma medida que o organismo que lidera já tinha apresentado ao governante no princípio de janeiro deste ano.
"Fizemos essa sugestão no princípio de janeiro. É uma medida de defesa do setor. Portugal produz 55% das suas necessidades em carne de porco, Espanha produz 160% e continua a aumentar, não faz sentido nenhum estarmos a ser penalizados pelo excesso de produção que é imposto na Europa pela Espanha", declarou à agência Lusa João Correia.
O porta-voz do "gabinete de crise" dos suinicultores, criado em dezembro para sensibilizar a opinião pública para o consumo da carne de porco nacional, esteve à frente de um protesto em Santarém, no final de janeiro, sob a forma como o Pingo Doce faz a rotulagem da carne de porco.
João Correia liderou ainda um grupo de suinicultores que em fevereiro passado esteve concentrado em protesto em frente à fábrica Sicasal, em Mafra, e impediu a entrada de três camiões com porcos espanhóis, num protesto contra a crise no setor, que os industriais portugueses afirmam pôr em causa o emprego de 200 mil pessoas.
Segundo João Correia, ao contrário do que acontece em Portugal, as maiores empresas de produtores espanhóis "continuam a ter ajudas do seu Governo para conseguirem exportar o excedente da produção", adiantando que há carne espanhola a entrar em Portugal "mais barata do que são vendidos os porcos nacionais".
De acordo com este responsável, na problemática do leite e da carne de porco que existe atualmente na Europa houve um fundo comunitário de 500 milhões de euros para os setores, do qual coube a Portugal 4,3 milhões.
Nas declarações à Lusa, João Correia defendeu que o Governo português deveria ter dado a mesma verba que deu a União Europeia. "Desse dinheiro para o setor da suinicultura veio zero, foi todo encaminhado para o setor do leite, para os suínos zero", acusou, lembrando: "Nós andamos a mendigar para que o setor não morra, para que não se crie mais desemprego, o setor dos suínos em Portugal emprega 200 mil pessoas".
O porta-voz do "gabinete de crise" adiantou que entre as medidas pedidas ao ministro da Agricultura estão a isenção da TSU (Taxa Social Única), a revisão da taxa do IMI (Imposto Municipal Sobre os Imóveis) aplicado à exploração e do Sistema Integrado de Recolha de Cadáveres (SIRC).
O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que se reúne na segunda-feira com os seus homólogos da União Europeia, disse à agência Lusa na quinta-feira que vai propor o "estabelecimento de um regime de quotas de produção" que, no caso do sector leiteiro, ao limitar a produção, permitiu nas últimas décadas manter os preços equilibrados".
O governante adiantou que vai defender apoios acrescidos à armazenagem e outras medidas temporariamente limitadoras da produção como a redução do número de fêmeas reprodutoras no setor da carne de porco e apoios à produção por cabeça de gado.