
PJ prepara recolha de vestígios no apartamento
A atividade de um gangue suspeito de ligações ao pequeno tráfico de droga poderá estar na base da violenta morte de Filipe Diogo, de 14 anos, em Salvaterra de Magos, que foi perseguido dias antes de ter sido espancado até à morte por um desses grupos. A PJ já deteve um suspeito do crime.
Apesar de a PJ ainda não ter grandes certezas sobre o móbil do homicídio, admite-se que o gangue pudesse querer arrastar o jovem para o tráfico ou conseguir dele algum favor em negócios escuros. Cerca da meia-noite, a Polícia Judiciária deteve um suspeito do crime, um jovem entre os 18 e os 20 anos. Era um dos elementos que já tinha sido inquirido pelas autoridades durante o dia.
O detido deverá ser presente durante esta sexta-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Santarém.
A PJ tinha já recuperado o telemóvel da vítima, um iPhone, que um dos agressores entretanto vendera, e levara para interrogatório um jovem que tinha estado a discutir com a mãe e a avó da vítima. Vários jovens da zona de Salvaterra foram, no entanto, ouvidos pela PJ, em particular dois que tinham um conflito com a vítima.
Filipe Diogo desapareceu na segunda-feira da casa da mãe e só foi encontrado na madrugada desta quinta-feira, fechado na arrecadação de um prédio de habitação. A morte de Filipe Diogo, soube o JN, ocorreu na sequência de fortes pancadas infligidas na cabeça, eventualmente com recurso a um objeto contundente.
Esta quinta-feira à noite, a investigação do caso, a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da PJ, ainda fazia diligências e já estava quase afastada a hipótese de rapto, que inicialmente norteou os investigadores. Por outro lado, elementos do Laboratório de Polícia Científica faziam a recolha de vestígios num apartamento por baixo da arrecadação onde o cadáver do jovem foi encontrado. O apartamento está desabitado e há suspeitas de que o grupo possa ter usado a habitação como local para agredir a vítima.
Colegas que conheciam Filipe garantem, no entanto, que "não fazia mal a ninguém nem estava metido em drogas". Já outros jovens, ouvidos pela PJ, estão referenciados por ligação ao tráfico. E terá sido um deles, pertencente a um grupo identificado, que, dias antes do desaparecimento de Filipe, o ameaçou e agrediu. "Eles andaram a persegui-lo. Queriam qualquer coisa dele, não sei o que era", contou uma jovem ao JN.
A vítima chegou mesmo a ser atacada no espaço da Feira de Magos, na noite em que desapareceu, daí a PJ ter suspeitado inicialmente de rapto. A queixa terá chegado às autoridades depois da mãe ficar em alerta, uma vez que Filipe não tinha regressado a casa até às 22.30 horas de segunda-feira.
As suspeitas só se tornaram mais fortes quando, na manhã de anteontem, um jovem, quatro anos mais velho do que Filipe, foi visto a discutir com a mãe e a avó da vítima, em frente à habitação do jovem, a propósito do seu desaparecimento. "Ele dizia que o Filipe queria era droga, mas isso era mentira", contou ao JN uma testemunha. O rapaz, três anos mais velho, traria vestido um blusão e as sapatilhas da vítima. À tarde foi levado pela PJ para prestar declarações.
