Hosni Mubarak, acusado de corrupção e de estar envolvido no assassínio de manifestantes durante a revolta popular de Janeiro, declarou-se não culpado perante um juiz do tribunal penal do Cairo. O antigo presidente egípcio compareceu em julgamento deitado numa maca.
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"Nego todas as acusações completamente", declarou Mubarak, a quem foi disponibilizado um microfone, com uma voz rouca mas num tom firme.
O antigo presidente, de 83 anos, falava deitado numa maca, numa zona enjaulada destinada aos acusados na sala de audiências, depois de uma breve interrupção da sessão.
Um representante do Ministério Público tinha anteriormente acusado Mubarak de ter chegado a acordo com o antigo ministro do Interior Habib el-Adli para assassinar "premeditadamente" manifestantes contestatários do regime em numerosas localidades do Egipto.
Os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal, igualmente acusados de corrupção, também se declararam não culpados.
Durante a audiência, os filhos de Mubarak ficaram junto do pai e tinham livros nas mãos, provavelmente exemplares do Corão.
A audiência de julgamento realiza-se no quartel-general da Escola de Polícia em Masr el-Gedida, no norte do Cairo, sob medidas de alta segurança.
Mais de um milhar de polícias e soldados foram destacados para garantir a segurança e mais de 600 pessoas, advogados, famílias das vítimas e jornalistas, foram autorizadas a assistir ao julgamento.
O ex-presidente egípcio reside em Sharm el-Sheik desde 11 de Fevereiro e encontra-se detido num hospital daquela estância balnear desde Abril devido a problemas cardíacos.
Mais de 850 pessoas foram mortas durante os confrontos de Janeiro e Fevereiro, no Egipto.
A continuação do julgamento ficou marcada para 15 de Agosto, anunciou o presidente do Tribunal, Ahmed Refaat.
Refaat também ordenou que o antigo Presidente egípcio, doente, seja internado num hospital perto do Cairo, o Centro Médico Internacional, enquanto aguarda pela segunda sessão do julgamento.
Ahmed Refaat acedeu ao pedido da Defesa para que Mubarak seja seguido por um médico oncologista "sempre que necessite".
O estado de saúde de Mubarak é raramente noticiado e as informações são frequentemente contraditórias.