O Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirmou, esta quarta-feira, que pelo menos 100 pessoas morreram ou ficaram feridas nos bombardeamentos do exército sírio na região de Damasco, onde militantes acusaram as autoridades de usar gás tóxico.
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"Pelo menos 100 pessoas foram mortas nos bombardeamentos contra a província de Damasco. Este número vai seguramente aumentar. Os ataques e os bombardeamentos continuam e a potência de fogo é considerável", afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), sem se pronunciar sobre a eventual utilização de armas químicas, referida por militantes no terreno.
As autoridades sírias desmentiram já o recurso a armas químicas nos bombardeamentos.
"As informações sobre a utilização de armas químicas em Ghouta (na periferia de Damasco) são totalmente falsas", afirmou a agência noticiosa oficial Sana, acusando as cadeias de televisão por satélite, nomeadamente a Al-Jazira e a Al-Arabyia, "implicadas no derramamento de sangue sírio e no apoio ao terrorismo", de difundir informações infundadas.
"Trata-se de uma tentativa para impedir a comissão de inquérito das Nações Unidas sobre armas químicas de realizar bem a missão", acrescentou a Sana.
Os investigadores da ONU chegaram à Síria há vários dias para averiguar sobre a utilização de armas químicas na guerra civil no país.
Os comités populares de coordenação (LCC) referiram também que os bombardeamentos causaram várias "centenas de mortos", mas este balanço não pode ser verificado junto de outras fontes pela agência noticiosa francesa AFP.
Os LCC afirmaram que "várias centenas de mártires, e igual número de feridos, essencialmente civis, foram mortos pela utilização (...) de gases tóxicos pelo regime [de Bashar al-Assad] na localidade de Ghouta ocidental, ao amanhecer".
Os militantes acusaram "o regime de ter cometido um crime indescritível com o recurso de armas químicas nestas zonas (...) inundando os hospitais de campanha com centenas de vítimas, apesar da falta de material médico necessário para prestar socorros".
Os LCC lançaram um "apelo urgente a todas as organizações humanitárias internacionais, incluindo a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos e comunidade internacional para atuarem com urgência para salvar os civis de Ghouta".
Os bombardeamentos, de grande violência, contra a periferia de Damasco podiam ser ouvidos de manhã pelos residentes da capital, onde o céu estava coberto por nuvens cinzentas.
"Depois da meia-noite, as forças do regime intensificaram as operações militares nas zonas de Ghouta oriental e Ghouta ocidental, na região de Damasco, recorrendo à aviação e lança-morteiros", indicou à AFP o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman.
A operação concentrou-se em Madhamiyah el-Cham, a sudoeste da capital, disse Rahman, sublinhando tratar-se do "bombardeamento mais violento sobre esta localidade desde o início da campanha militar do regime" na região, há vários meses.
De acordo com o OSDH, com sede em Londres e que recebe informações de uma vasta rede de militantes e de fontes médicas e militares, "as forças do regime estão a tentar reconquistar" Madhamiyah.
O OSDH pediu à comissão internacional, encarregada de investigar a utilização de armas químicas no conflito sírio, que "se desloque às zonas atingidas e garanta um acesso para permitir o envio de ajuda médica, o mais rapidamente possível", ao mesmo tempo que verifica sobre o uso daquelas armas.
Desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, morreram mais de 100 mil pessoas e quase sete milhões necessitam de ajuda humanitária de emergência, de acordo com o balanço da ONU.