"Uma barbaridade". É assim que Hermano Sanches Ruivo, conselheiro da Câmara de Paris, reage ao atentado que matou pelo menos 11 pessoas na redação do jornal satírico Charlie Hebdo. "Trata-se de uma ato de terror, falta apenas confirmar se é um ato de terrorismo", acrescenta.
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"Paris está em estado de guerra. O nível de segurança foi elevado para o máximo", disse ao JN. Foi reforçada a vigilância em escolas, edifícios públicos, monumentos e nas redações de todos os meios de comunicação social.
"A situação é muito preocupante", acrescenta o conselheiro da autarquia parisiense. "Inicialmente falava-se em dois atacantes, mas uma testemunha identifica três. Não se sabe por onde andam. O carro foi encontrado, com armas no interior, mas não sabemos que mais pode acontecer", disse.
"O nível de alerta de segurança está no ponto máximo em Paris e na região, mas não excluímos que seja reforçado em outras cidades ou regiões de França", acrescentou Hermano Ruivo, em declarações via telefone ao JN.
"É claramente uma atentado contra um dos monumentos da liberdade de expressão em França, em Paris. Podemos não concordar com o que publica o Charlie Hebdo, mas temos de respeitar e defender a liberdade de expressão", comentou.
Hermano Ruivo acredita que o atentado pode estar ligado à publicação de novas caricaturas sobre o profeta Maomé, na passada quarta-feira. "Testemunha dizem ter visto homens africanos, fortemente armados, no ataque", disse Hermano Ruivo, em reforço da tese de atentado terrorista de matriz islâmica.
"O Charlie Hebdon é um jornal de extrema esquerda. Ataca política, religião. Satiriza tudo e todos. Nunca se sabe. A extrema direita é muito estúpida, mas não acredito que chegue a este ponto", disse.
Hermano Sanches Ruivo, de 45 anos, é natural de Alcains, no distrito de Castelo Branco. Advogado de formação, reside em França desde os quatro anos e tem dupla nacionalidade. É o primeiro português eleito para a Câmara de Paris.
O conselheiro parisiense disse não ter conhecimento de portugueses entre as vítimas no Charlie Hebdo, mas a preocupação é grande. "Não podemos deixar de lançar um apelo à comunidade portuguesa, para que redobre cuidados e tenha em atenção as regras e indicações de segurança fornecidas pelas autoridades".
Não sendo um atentado de extrema direita, até porque há testemunhas que dizem ter ouvido os assassinos a gritar "vingamos o Profeta", a comunidade portuguesa não corre mais risco que qualquer outra. "De uma forma geral, todas as comunidades estrangeiras em Paris - e são muitas - se comportam de acordo com as leis e em respeito pela sociedade. Radicalismos destes são uma exceção", argumento Hermano Ruivo.