Um cliente que tinha um encontro marcado, esta sexta-feira, na empresa onde os irmãos Kouachi estão barricados, conta como conversou com os suspeitos e sobreviveu.
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Didier não imaginava, certamente, o que lhe iria acontecer esta manhã, quando bateu à porta da empresa de Dammartin-en-Goële, onde tinha uma reunião marcada.
Segundo contou aos media franceses, quem a abriu foi um dos irmãos Kouachi, de arma em punho. "Apertei-lhe a mão e disse-lhe bom dia". O suspeito respondeu: "Não matamos civis".
"Pediram-me depois que me fosse embora". Didier dirigiu-se depois à polícia para contar o que tinha acontecido.
"Vou jogar no loto. Tive muita sorte esta manhã", concluiu, são e salvo.
Dono do Clio roubado pelos Kouachi feliz por ter sobrevivido
Sorte teve também o dono do Renault Clio roubado, por "carjacking", pelos irmãos Kouachi pouco tempo depois do ataque ao "Charlie Hebdo".
Chérif e Said Kouachi saíram do Citroen C3 preto em que seguiam. Um deles, o que conduzia o carro, saiu e apontou uma Kalashnikov ao condutor do Clio. "Sai do carro, nós precisamos dele", contou a vítima do assalto, que cumpriu imediatamente a ordem."De seguida, o segundo homem entrou no lugar do passageiro, armado com um "lança-rockets", acrescentou.
"Nunca elevaram a voz e já não usavam máscaras". O homem, cujo nome não foi referido pelos media franceses, conta ainda que os suspeitos estavam "muito calmos, muito determinados, muito profissionais".
Garantiram-lhe que não o iriam magoar e deixaram, antes de arrancar, um pedido: "Se os média te interrogarem, diz-lhes que somos da Al-Qaeda do Yémen".
O carro era um Clio cinzento, de 2000 e com 150 mil quilómetros.
O homem, naquela altura, não imaginava que sinha sido assaltado pelos homens procurados pelo ataque ao "Charlie Hebdo". E sabe da sorte que teve. "Devo ter sido das raras pessoas que os vi [naquela manhã] de cara descoberta e, mesmo assim, consegui sobreviver", disse à rádio Europe.