O homem que, esta quarta-feira, matou dois jornalistas que estavam em direto era conhecido por ser um colega de trabalho problemático, tendo acabado por ser despedido.
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"Vester era um homem infeliz", começa por explicar o diretor-geral da estação televisiva norte-americana WDBJ, Jeff Marks. "Nós contratamo-lo como repórter e ele tinha algum talento e experiência nessa área. Mas rapidamente construiu uma reputação de uma pessoa com quem era difícil trabalhar. Parecia estar sempre à procura de situações que pudessem ser usadas como uma ofensa para ele. Eventualmente, após vários incidentes, despedimo-lo. Ele não reagiu bem. Tivemos que chamar a polícia para o retirar do edifício".
O relato de Jeff Marks, feito em direto na WDBJ, acaba por resumir o caso, deixando antever as motivações do homicídio dos antigos colegas Alison Parker e Adam Ward.
Vester Lee Flanagan II, que usava o nome Bryce Williams a nível profissional, trabalhou naquela estação televisiva entre 2012 e 2013 como repórter multimédia. Durante esse tempo, fabricou várias situações de discriminação racial.
Momentos depois de assassinar os antigos colegas Alison Parker e Adam Ward, escreveu no Twitter: "A Alison fez comentários racistas". Também escreveu: "O Adam fez queixa de mim aos nos Recursos Humanos depois de trabalhar comigo uma vez!"
A ABC News diz ter recebido um fax com 23 páginas na madrugada de quarta-feira de alguém que se idenficava como Bryce Williams, tendo entregado o documento às autoridades. Mais tarde, perceberam que o fax fazia referência a vários assassinatos em massa. Foi o caso dos assassínios de Charleston, em junho passado, em que um jovem de 21 anos é suspeito do homicídio de nove pessoas na passada numa igreja da comunidade.
"O que me fez chegar ao limite foi o massacre na igreja. E as minhas balas têm as iniciais dos nomes das vítimas", escreveu no manifesto enviado à ABC News.
Vester Lee Flanagan II nasceu em 1973, em Oakland, na Califórnia. Segundo o que o próprio foi partilhando nas redes sociais, foi educado segundo os preceitos das Testemunhas de Jeová, chegou a trabalhar como "um acompanhante muito bem pago" e ainda como modelo.
Depois da licenciatura em Rádio e Televisão, em 1995, teve vários trabalhos como jornalista e assistente de produção, entre eles na estação WTWC-TV, a quem moveu um processo, em 2000, por alegada discriminação racial. As partes chegaram a acordo, mas não são conhecidos os seus termos.
Depois de uma perseguição policial, Vester Lee Flanighan II disparou um tiro sobre si mesmo e acabou por morrer no hospital.