Troy Davis, um norte-americano negro condenado pela morte de um polícia branco, apresentou novo recurso para evitar a injecção letal, que está marcada para esta quarta-feira. Também Lawrence Russell Brewer será executado, por participar no assassínio de um negro. Dois casos que suscitaram o debate sobre a pena de morte e o racismo nos EUA.
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Troy Davis já escapou por três vezes à pena de morte devido a múltiplos recursos judiciais, mas a sentença deverá ser cumprida esta quarta-feira, às 19 horas (00.00 horas de quinta-feira em Portugal continental), na prisão de Jackson (Geórgia).
Numa última tentativa para evitar a execução, a defesa apresentou num tribunal do Estado da Geórgia um novo recurso, alegando novas provas. Troy Davis "pede respeitosamente que este tribunal conceda a suspensão da execução da sua pena de morte", indica o documento do qual a agência noticiosa francesa AFP obteve uma cópia.
A defesa pode fornecer "provas" de que o médico legista que autopsiou o corpo do polícia morto deu "um falso testemunho" sobre o relatório balístico em que a justiça se baseou para proferir a sentença, acrescenta o texto.
Este norte-americano negro, de 42 anos, foi condenado pela morte de um polícia branco, em 1989. A defesa alega que a arma do crime nunca foi descoberta, nem foram detectadas impressões digitais ou de ADN, para além de sete testemunhos terem sido alterados, com alguns a apontarem outro responsável pelos disparos.
"O combate pela justiça não acaba comigo", escreveu numa mensagem divulgada pela Amnistia Internacional, terça-feira à noite, após o seu anterior recurso ter sido rejeitado.
Considerado um exemplo do negro injustamente condenado à morte, Troy Davis tem recebido apoio internacional no seu pedido de clemência, como é o caso do antigo presidente Jimmy Carter, o papa Bento XVI ou a actriz Susan Sarandon. E continua à espera de um milagre. "Não deixarei de lutar até ao último suspiro", garantiu.
Execução no Texas
No Texas, Lawrence Russell Brewer também será executado por injecção letal, às 20 horas (01.00 horas de quinta-feira em Portugal continental), cumprindo a sentença a que foi condenado pela morte de James Byrd, há 13 anos.
Lawrence Russell Brewer, de 44 anos, e outros dois homens acorrentaram o cidadão negro, de 49 anos, às traseiras de uma carrinha e arrastaram-no pela estrada até à morte. Um dos cúmplices foi igualmente condenado à pena de morte e está a aguardar decisão a um recurso e outro está a cumprir prisão perpétua.
Morgan Freeman: "Racismo está bem vivo"
Estes dois casos suscitaram o debate em torno da pena de morte e dos sentimentos de racismo nos Estados Unidos.
O reconhecido actor negro Morgan Freeman considera que "o racismo está bem vivo nos Estados Unidos e não só no Sudeste", mas acredita que com o tempo será possível erradicá-lo.
"As crianças, actualmente, já não se deparam com Brancos e Negros", disse o actor, de 74 anos, em entrevista à agência AFP.
"Temos um presidente negro e vejam o que ele está a passar", acrescentou. "Estou a 110%" com Barack Obama mas "os republicanos estão a fazer tudo para garantir que ele não consiga um segundo mandato".