O Governo grego exigiu, esta sexta-feira, que os trabalhadores que ocupam a radiotelevisão pública abandonem as instalações da ERT, onde estão desde o anúncio do seu encerramento, há dez dias.
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"O governo apela aos trabalhadores da ERT para que saiam da sede, para se aplicar a decisão do Conselho de Estado (com as funções de Supremo Tribunal Administrativo) sobre o reinício das emissões da radiotelevisão pública", lê-se num comunicado do Ministério das Finanças grego.
No comunicado, acrescenta-se que as Finanças pediram ao Banco da Grécia para pagar dois salários aos "trabalhadores da ex-ERT, como primeiro passo da sua indemnização por despedimento".
O Conselho de Estado decretou no dia 17 o restabelecimento imediato do sinal da ERT, cujo encerramento foi ordenado de forma unilateral pelo primeiro-ministro, Antonis Samaras.
Em 11 de junho os trabalhadores da televisão pública grega ocuparam as instalações e iniciaram uma emissão informativa contínua através da Internet.
"Nunca imaginámos o que está neste momento a acontecer e, já agora, temos de ser um exemplo para que o mesmo não venha a acontecer a outros serviços públicos de televisão da União Europeia", disse esta semana à agência Lusa o jornalista Janis Skalkos, um dos muitos que se encontram no interior das instalações da ERT, em Atenas.
O jornalista afirmou que tem que ser, com os seus camaradas, "uma barreira para que isto não se repita em países da Europa como Portugal, Espanha ou Itália, porque nunca se sabe".
O comunicado com a ordem de desocupação foi lido hoje durante a emissão em direto mas os jornalistas não fizeram comentários, preferindo esperar pelas reações dos seus sindicatos.
Desde o corte do sinal da ERT começou um movimento de solidariedade sem precedentes, com manifestações diárias quer em frente da televisão pública na capital quer em delegações de outras cidades gregas.
A decisão de Samaras provocou uma crise no governo, que já resultou hoje na saída da coligação governamental do partido de esquerda moderada Dimar, um dos três parceiros que viabilizaram a coligação.
