Fidel Castro confessou que não esperava viver até aos 87 anos, idade que celebrou na passada terça-feira. Num artigo de três páginas publicado num jornal cubano, o ex-presidente refletiu sobre a sua vida e carreira política.
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"Estava longe de imaginar que a minha vida se prolongaria por outros sete anos", confessou Fidel Castro, o ex-presidente cubano, que se afastou do seu cargo como presidente em 2006, depois de diagnosticada uma doença nos intestinos.
"Assim que compreendi que seria definitivo não hesitei um segundo em anunciar, no dia 31, que cessava as minhas funções como presidente dos Conselhos de Estado e de Ministro", afirma o ex-presidente.
A revelação foi publicada pelo jornal diário do regime cubano "Granma", esta terça-feira, data que também assinalou o 87.º aniversário de Fidel Castro. Em três páginas, o ex-presidente de Cuba reflete pela primeira vez sobre a sua vida e carreira política.
Entre outras informações divulgadas no artigo que tem como título "As verdades objetivas e os sonhos", o ex-líder cubano comunista fala da doença que o atingiu, gravemente, depois da visita de Hugo Chávez, a 26 de julho de 2006.
"Assim que compreendi que seria definitivo não hesitei um segundo em anunciar, no dia 31, que cessava as minhas funções como Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministro", escreveu Fidel Castro. O ex-presidente cubano abandonou provisoriamente o seu cargo nesta altura, embora só o tenha renunciado definitivamente em 2008.
No texto, Fidel Castro escreveu também sobre Hugo Chávez, a quem se referiu como "melhor amigo" e que faleceu recentemente, no passado mês de março.
"Hoje guardo uma recordação especial do melhor amigo que tive nos meus anos de político ativo - quem com muita humildade e pobreza se ergueu no Exército Boliviano da Venezuela - Hugo Chávez", escreve. "Homem de ação e ideias, foi surpreendido por uma doença muito agressiva que o fez sofrer bastante mas que enfrentou com grande dignidade", acrescenta.
Nas três páginas de texto, Fidel Castro refere-se ainda a assuntos que marcaram a sua passagem pela vida política de Cuba, como a colaboração militar entre Cuba e a União Soviética, a crise dos mísseis de outubro de 1962 e a morte do presidente norte-americano, John F. Kennedy, alvejado fatalmente no dia 22 de novembro de 1963.
No artigo, o ex-presidente cubano confirmou também alguns detalhes sobre as armas gratuitas que Cuba recebeu da parte da União Soviética durante os governos de Nikita Khrushchov, Leonid Brejnev e Yuri Andrópov. Confessou ainda ter recebido aproximadamente 100 mil armas, sem custo, por parte do líder norte-coreano Kim Sung II, em 1980, quando Yuri Andrópov anunciou que a União Soviética cessaria o fornecimento de armas a Cuba.