O Brasil está alarmado com os casos crescentes de microcefalia, que já causaram a morte de 49 bebés. Em causa está o vírus zika, transmitido por mosquito como o dengue.
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O último balanço das autoridades brasileiras contabiliza 3893 casos suspeitos de microcefalia causados pelo vírus zika, há uma semana eram 3500, em novembro do ano passado 1248. Em períodos anteriores, existiam em média 160 casos por ano.
Este vírus transmite-se através da picada de mosquitos (Aedes Aegypti) tal como o dengue, o chikunguy e a febre amarela. Na maioria dos casos (entre 70 e 80%), a infeção passa despercebida e os sintomas são do tipo gripal com erupções cutâneas. Pode também manifestar-se através de conjuntivite ou dor nos olhos, assim como por inchaço nos pés e nas mãos.
Cientistas brasileiros do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz, e da Pontifícia Universidade Católica Paraná (PUC-PR) confirmaram esta semana que o vírus zika consegue ultrapassar a placenta durante a gestação. Pelo menos 49 bebés já morreram com microcefalia, uma malformação que afeta o desenvolvimento do cérebro dos fetos e causa lesões fatais.
O estudo detetou o zika na placenta de pacientes grávidas infetadas após a análise da amostra de uma gestante da região Nordeste, cujo feto deixou de se desenvolver dentro do útero no primeiro trimestre de gravidez. "A paciente relatou sintomas clínicos que indicavam infeção pelo vírus zika no início da gravidez e sofreu o aborto na oitava semana", explicou Cláudia Nunes Duarte dos Santos, virologista da Fiocruz.
O epicentro dos casos situa-se na região Nordeste, nomeadamente no Estado de Pernambuco, mas já há registos em 20 estados.
Com a aproximação do Carnaval, que atrai milhares de turistas de todo o mundo, e a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (agosto), as autoridades sanitárias relembram os procedimentos de prevenção: evitar águas paradas, utilizar filtros nos ralos da canalização, usar repelentes, optar por vestuário que cubra braços e pernas, evitar abrir as janelas ao início e ao fim do dia.
A Organização Pan-Americana de Saúde estima que o vírus zika vai alastrar por todos os países da América Latina.
No passado dia 17, a Direção-Geral da Saúde indicou que em Portugal foram confirmados laboratorialmente, pelo Instituto Ricardo Jorge, quatro casos que ocorreram em cidadãos portugueses regressados do Brasil, mas que evoluíram favoravelmente.
Há casos de doença notificados em Cabo Verde, Colômbia, El Salvador, Fiji, Guatemala, México, Nova Caledónia, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Samoa, Ilhas Salomão, Suriname, Vanuatu, Venezuela, Martinica, Guiana Francesa e Honduras.
O Zika foi identificado pela primeira vez no Uganda em 1947, num macaco, e os primeiros casos detetados em humanos foram registados em 1968, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).