Ajuda a Portugal "será nos mesmos moldes em que foi feita à Grécia e à Irlanda", diz eurodeputado Paulo Rangel

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel disse, quarta-feira, que a ajuda externa a Portugal será "nos mesmos moldes em que foi feita à Grécia e à Irlanda", no quadro do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, com uma componente de FMI.
Em declarações à Agência Lusa depois do anúncio de hoje do primeiro-ministro José Sócrates de que o Governo português fez um pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, Paulo Rangel disse que o tipo de ajuda externa é um aspecto que é importante clarificar.
"Mas informações que existem em Estrasburgo neste momento e em Bruxelas - que são informações totalmente fidedignas -- é de que será nos mesmos moldes em que foi feita à Grécia e à Irlanda", explicou.
Segundo o eurodeputado social-democrata, depois da Comissão Europeia ter excluído a hipótese de um empréstimo intercalar, só existe o quadro de ajuda com programa de ajustamento, que é o do "Fundo Europeu de Estabilização financeira que tem uma componente de FMI".
"O que significa que terá que haver uma negociação com a União Europeia para o fundo, terá que haver um conjunto de contrapartidas que terão que ser assumidas por todos aqueles que possam vir a governar depois de 5 de Junho", sublinhou.
Paulo Rangel não vê assim a possibilidade de poder haver outro quadro de ajuda, referindo que as possibilidades disso acontecer deixaram de estar em cima da mesa depois de terça-feira a Comissão Europeia ter dado ao Parlamento Europeu a informação "de que não havia qualquer previsão de empréstimo intercalar".
"Portanto teria que ser feito um programa de ajustamento já, igual aquele que tem a Grécia e a Irlanda mas que não será com certeza igual nas medidas, na duração nem nos juros mas será com certeza igual no sentido de ser do mesmo tipo, da mesma natureza", acrescentou.
O eurodeputado disse ainda à Agência Lusa que "para quem está em Estrasburgo é evidente que este anúncio não constitui qualquer surpresa", referindo que "era tido como certo que Portugal tinha que pedir esta ajuda".
"Há mais de seis meses que considerava inevitável que Portugal tivesse que pedir um quadro de ajuda. Penso que perdemos muito tempo. Penso que perdemos muito dinheiro e que se comprometeu muito o futuro do país ao arrastar esta decisão até este momento", condenou.
Para Rangel "as coisas poderiam ter sido diferentes se estivéssemos já com as regras do novo fundo".
"Nestas circunstâncias, sendo as regras do velho fundo -- o que foi aplicado à Grécia e à Irlanda -- eu sempre achei que elas eram más para esses países e serão más para Portugal mas são as condições que temos e não existem outras", lamentou.
Apesar de considerar que o pedido de ajuda "peca por tardio", o social-democrata disse compreender "que houvesse uma tentativa de o adiar no sentido de conseguir um novo regime para o fundo".
