Um operário romeno da construção civil, de 28 anos, ilegal no nosso país, foi ontem, quarta-feira, abatido a tiro por desconhecidos, quando tomava o pequeno-almoço na casa do irmão, em Ucha, Barcelos, onde tinha passado a noite. Ainda não há explicação para o crime.
A Polícia Judiciária (PJ) suspeita que as razões do crime possam estar a milhares de quilómetros de distância, no país de origem da vítima, Ricu Vasile Mogurel, ou eventualmente ligada à sucata que Ricu Carol Virel, o irmão do falecido, possui na zona. Mas este garantiu ao JN que não tem inimigos e que o negócio corre "a 100 por cento". "A única situação que possa haver é estar nesta casa há dois meses, mas o dono não deu papéis do contrato [de arrendamento], que preciso nas Finanças, e até cortou a luz, por isso o caso foi para tribunal", acrescentou.
Sobre o crime, Carol explicou que a sua filha tinha saído minutos antes para a escola e a porta da cozinha, ao topo das escadas, estava então fechada sem ser à chave. "Às 7.40 horas, quem pensa que vai entrar alguém para matar?", desabafou. Foi por aí que entraram num ápice três indivíduos encorpados e atingiram Vasile na têmpora esquerda, com uma arma com silenciador.
Na altura, Carol estava na cama e a esposa na casa de banho. "Senti algo e gritei ao meu irmão: 'Que se passa?' Ouvi cair um copo e o som de um volume a cair no chão, percebi mais tarde que era o seu o seu corpo. A minha mulher diz que viu depois três homens [de costas] a entrarem num carro vermelho para arrancar a grande velocidade", recordou. Admitiu que o acto tenha sido perpetrado por um grupo contratado, face a tal rapidez e eficácia. "Se eu e a mulher estivéssemos na cozinha, íamos todos ser mortos", sustentou aquele empresário de 35 anos.
A esposa de Carol avisou o 112 e a Cruz Vermelha de Prado chegou pelas 7.50 horas à Rua de Eidos, com dois elementos e uma ambulância, mas a vítima "já estava cadáver". A PJ fez perícias até meio da tarde no local e na casa de Vasile, que fica na outra ponta da freguesia. Ao que o JN apurou, Vasile estaria com pouco trabalho desde esta semana e o seu irmão ofereceu-lhe emprego na sucata, além de tecto - como a vivenda era grande, evitava pagar a outra renda. Anteontem, Vasile tinha jantado em casa do irmão e acabou por dormir lá.
"Ele era uma pessoa de bem e não se metia em problemas, não entendo o que aconteceu", insistiu Carol. Visivelmente abatido, ponderou mudar de domicílio: "Psicologicamente é muito difícil estar cá e tenho medo que, a qualquer momento, alguém entre para 'vir ter comigo'". A morte abalou a aldeia e, na vizinhança, comentava-se que se tratou de um "ajuste de contas", cujo alvo seria Carol, após alegadas zaragatas na sucata. Contudo, este rejeitou totalmente a hipótese.
