O Bloco de Esquerda quis saber quanto é que Pedro Passos Coelho recebeu de despesas do Centro Português para a Cooperação, declarando que "não há almoços grátis", com o governante a dizer que nunca abriu portas "a ninguém".
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"Quanto recebeu em despesas de representação? Quais foram as faturas que apresentou? Estamos a falar de tostões ou de milhões?", questionou Catarina Martins, coordenadora do Bloco e deputada do partido, no debate quinzenal desta manhã no parlamento.
A parlamentar falava depois de Passos ter afirmado que não recebeu qualquer valor da Tecnoforma enquanto foi deputado, até 1999, e que só colaborou com esta empresa após o ano de 2001.
Passos Coelho acrescentou que fez parte de uma organização não-governamental (ONG), o Centro Português para a Cooperação, em conjunto com administradores da Tecnoforma, desenvolvendo atividades no seu entender compatíveis com as funções de deputado em exclusividade e admitiu que tenha, nesse âmbito, apresentado despesas de representação - não precisando entre que datas.
"Quanto é que cobrou nesses anos à ONG com que colaborava tão generosamente?", interrogou Catarina Martins, para quem faz "toda a diferença" saber o valor das despesas, resposta que "o senhor primeiro-ministro parece não conseguir dar".
O chefe do Governo, na resposta, diz que não estão em cima da mesa despesas "que tenham qualquer conotação de rendimento", disse, recordando despesas envolvendo, por exemplo, viagens a Cabo Verde, Bruxelas e Porto.
"Eu não fui contratado. Em segundo lugar, não abri portas para ninguém", acrescentou Pedro Passos Coelho, dizendo que nunca houve sequer o "propósito de andar sequer a fazer 'lobby' para essa empresa".
"Eu não cobrei nada, tal como a senhora deputada se for reembolsada lá no seu partido por alguma despesa que tenha", acrescentou ainda o primeiro-ministro, dirigindo-se a Catarina Martins.
Passos acrescentou: "Não me foram pagas despesas de representação no sentido em que isso constituísse qualquer parcela regular pelo facto de eu colaborar com a instituição. Volto a dizer: foram reembolsadas despesas", disse.
"Foram 50 contos ou 500 contos? Quais foram os valores?", insistiu a bloquista.
Posteriormente, Catarina Martins questionou também o primeiro-ministro sobre situações envolvendo os setores da Justiça e a Educação, nomeadamente o Citius, no primeiro caso, e a colocação de professores, no segundo, matérias que Pedro Passos Coelho, por falta de tempo, não respondeu.