O FBI acusou, esta sexta-feira, a Coreia do Norte de estar na origem do ataque eletrónico aos estúdios da Sony, em Hollywood, e que levou ao cancelamento da estreia do filme "The Interview". Esta é a primeira vez que os EUA atribuem um ataque de hackers aos líderes de um país. Barack Obama afirmou que a Sony cometeu um erro ao ceder à ameaça e ao cancelar o lançamento do filme, mas salientou que o ataque vai ter uma resposta "proporcional".
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As autoridades norte-americanas analisaram o malware (programa informático malicioso) utilizado para entrar no sistema da Sony e acreditam que terá ligações ao país de Kim Jong-un, já que se assemelha ao utilizado em outras situações. "Há semelhanças em linhas específicas de código, algoritmos de encriptação, métodos de limpeza de dados", afirma o FBI citado pelo "New York Times".
Segundo o mesmo jornal, o FBI detetou ainda que a estrutura informática utilizada é semelhante à usada em outros ataques da Coreia do Norte, salientando que o método é igual ao utilizado, em 2013, para atacar bancos e meios de comunicação sul-coreanos.
O caso terá tido origem na comédia "The Interview", com Seth Rogen e James Franco, que brinca com o líder da Coreia do Norte e simula o seu assassinato.
Em retaliação, os hackers entraram no sistema da Sony e apoderaram-se de informação confidencial do estúdio, como troca de emails entre os executivos, informação pessoal dos funcionários e guiões de filmes, revelou a BBC.
Parte da informação confidencial foi divulgada, juntamente com a ameaça de que seriam levados a cabo mais ataques, caso o filme estreasse. "O mundo vai ficar cheio de medo. Lembrem-se do 11 de Setembro", afirmaram os piratas informáticos exigindo o cancelamento da exibição do filme no cinema.
Contra a vontade de muitos artistas, incluindo George Clooney, os estúdios da Sony cederam e cancelaram o lançamento do filme, que estava agendado para esta época natalícia. Os piratas já terão demonstrado satisfação com o cancelamento do filme, mas a Sony foi avisada de que o filme não poderia ser divulgado de forma alguma.
Apesar da Coreia do Norte negar envolvimento no caso, classificando a acusação de rumor, o país lembrou que há muitos simpatizantes seus pelo mundo que teriam a capacidade para levar a cabo ataque. Em Washington, o caso está a ser encarado com seriedade, tendo a Casa Branca afirmado que se tratava de um assunto de segurança nacional.
EUA vão responder
Barack Obama afirmou, esta sexta-feira, que a Sony cometeu um erro ao ceder às pressões dos hackers e disse que gostava que a empresa tivesse falado com ele sobre o tema.
"A Sony é uma empresa, sofreu danos significativos. Há ameaças contra os seus funcionários e estou solidário com as preocupações que têm. Dito isto: acho que cometeram um erro", afirmou o presidente dos EUA sobre o cancelamento do filme "The Interview".
Sobre as medidas a tomar face ao ataque norte-coreano, Obama garante que que os EUA vão responder de forma "proporcional", sem explicar de forma mais profunda o plano de ação.
"Acho que diz alguma coisa interessante sobre a Coreia do norte que tenham decidido fazer um ataque em larga escala contra um estúdio cinematográfico por causa de um filme satírico protagonizado por Seth Rogen", considerou o líder norte-americano. "Gosto do Seth.... mas pensar que era uma ameaça?".
O Governo dos EUA vai ainda trabalhar com a indústria cinematográfica e outras empresas do setor privado para preparar a defesa contra novos ataques.