Farmácias do Norte ao Sul esgotaram stocks nos últimos dias. Procura por viajantes dispara.
Grande parte das farmácias das principais cidades portuguesas já não tem máscaras de proteção para venda e não sabe quando conseguirá repor stocks. Numa ronda efetuada ontem por estabelecimentos do Minho ao Algarve, o JN constatou que quase todas registaram, nos últimos dias, um forte aumento da procura, que, à primeira vista, estará relacionado com o surgimento do surto de coronavírus no Norte de Itália.
A corrida às máscaras começou há cerca de duas, três semanas, mas eram sobretudo os chineses a procura-las. "Foi uma loucura. Levavam às caixas para mandarem para a China", conta um responsável da Farmácia Oliveira, em Braga. Um cenário comum também às farmácias de Coimbra, Guimarães ou Lisboa. Na capital, na farmácia Holon Campo Grande, chegou mesmo a haver uma lista de espera. "Começou a haver muita procura e optamos por ter lista para, sempre que elas chegavam, podermos servir mais clientes", explica uma representante da loja, adiantando que atualmente "está tudo esgotado".
Nos últimos dias, a clientela portuguesa veio engrossar fortemente o pelotão da procura. "Percebe-se perfeitamente que há muita gente que vai viajar, ou tem filhos que vão estudar para fora, e por isso, tenta comprar", explica uma funcionária da Farmácia Adriana, em Coimbra.
Mais a sul, em Portimão, no Algarve, o responsável da Farmácia Carvalho assegura que "é cada vez mais difícil ter máscaras para venda". As que consegue encomendar "desaparecem quase na hora", sublinha, confirmando que se notou a nova corrida ao produto, "desde que começaram a chegar as notícias do surto em Milão".
Inflação descontrolada
Já a comunidade chinesa está desesperada para conseguir mandar máscaras para o seu país. O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, disse ao JN que o mercado português "já não tem resposta" e que tem recebido propostas de outros países como Holanda, Dinamarca ou Brasil, mas "a preços insuportáveis". "Em revenda, os produtos cuja unidade custava 0,2 cêntimos são agora propostos a 2,2 euros", exemplifica.
Um cenário idêntico ao vivido em Itália, de onde chegam relatos de aumentos de 650%.