Rui Pinto, o pirata preso por tentativa de extorsão e crimes informáticos, garante que voltaria a denunciar crimes apesar de saber, "de antemão, da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo".
Numa mensagem manuscrita publicada na conta da rede social Twitter da ex-eurodeputada Ana Gomes, Rui Pinto explica que "o Luanda Leaks é o mais recente exemplo de que os denunciantes e o jornalismo de investigação são essenciais para a nossa democracia" e adianta ainda que "durante anos e apesar de saber dos constantes alertas de que Portugal se tornara numa plataforma de lavagem de dinheiro da cleptocracia angolana, as autoridades judiciárias e de regulação nada fizeram".
O jovem gaiense, acusado de ter penetrado os sistemas informáticos do fundo de investimento Doyen, do Sporting, de um gabinete de advogados e do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, diz ainda na mensagem que, "como cidadão, fiz simplesmente o meu dever ao ajudar a expor este e outros crimes".
O criador do Football Leaks, que permitiu a diversas autoridades da Europa recuperarem milhões de fuga ao fisco em negócios de futebol, também está na origem das informações que levaram o Ministério Público e a Autoridade Tributária a lançar, esta quarta-feira, uma mega-operação em vários clubes portugueses.
Ana Gomes, que partilhou uma fotografia da mensagem manuscrita do detido, enviou esta manhã para as redações um comunicado em que reclama a libertação de Rui Pinto.
"A prisão de Rui Pinto é tanto mais chocante porquanto contrasta com a liberdade e impunidade de quem pratica crimes com a gravidade dos denunciados pelo mesmo. Rui Pinto deverá, naturalmente, responder pelos crimes que tenha cometido, mas os signatários entendem dever manifestar publicamente a sua discordância com a sua prolongada prisão preventiva, instando as autoridades judiciárias portuguesas a pôr termo a tal situação", escreveu Ana Gomes, que reuniu uma centena de assinaturas de artistas, políticos e advogados entre outras figuras conhecidas para apoiar a libertação de Rui Pinto.