O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, considerou esta segunda-feira "arrogante e egoísta" o boicote por vários países, incluindo os Estados Unidos, da conferência sobre o racismo, que começou na sede da ONU em Genebra.
"Do nosso ponto de vista, (o boicote) decorre da arrogância e do egoísmo e está na origem dos problemas no mundo", declarou Ahmadinejad durante uma conferência de imprensa.
"A maioria dos problemas na nossa região têm como origem a interferência das potências estrangeiras, se lá não estivessem muitos problemas se resolveriam", insistiu.
Referindo que "o regime sionista conduz à guerra" e não acreditar que "a guerra seja a solução para o mundo", Ahmadinejad defendeu a convocação multi-religiosa de um referendo nos territórios palestinianos "para que de forma democrática se pronuncie toda a população, muçulmanos, judeus e cristãos".
Por outro lado, defendeu a eliminação do direito de veto dos cinco países que integram permanentemente o Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França), que considerou "injusto e discriminatório".
"É injusto que cinco países tenham o direito de anular as decisões dos outros, que sejam os advogados, os juízes e os executores das suas ordens e sempre no seu próprio interesse", disse ainda.
Insistiu, adiantando que o poder de veto "não ajudou em nada para solucionar os problemas no Líbano, Gaza, Iraque, Afeganistão e nos conflitos africanos".
Temendo as derrapagens ligadas a declarações anti-semitas, os Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Itália, Polónia, Austrália, Holanda e Israel decidiram não participar na conferência da ONU sobre o racismo.
Os representantes dos Estados da União Europeia presentes na conferência em Genebra abandonaram a sala no momento em que o presidente iraniano falou de um "governo racista" no Médio Oriente.
Na mesma conferência de imprensa, o presidente iraniano declarou "acolher positivamente" a nova política norte-americana em relação ao Irão, dizendo esperar "mudanças concretas".
"Saudamos (a mudança da política norte-americana) pois consideramos que actualmente as alterações são necessárias", explicou.
"Esperamos mudanças concretas e apoiamos o diálogo baseado no respeito mútuo", adiantou.
O novo governo norte-americano do presidente Barack Obama estendeu a mão ao Irão depois de anos sem relações entre os dois países.
Em relação ao nuclear, Mahmud Ahmadinejad anunciou a semana passada que o Irão vai apresentar uma nova proposta alternativa à que lhe fizeram as seis grandes potências para conseguir a suspensão do seu controverso programa nuclear.
Os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) anunciaram a 8 de Abril que iam convidar o Irão para um encontro directo sobre o seu programa nuclear, que se suspeita esconda objectivos militares.