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Democratas testam convenção digital em plena pandemia

Final apoteótico da última convenção democrata, em 28 de julho de 2016 (nomeação de Hillary Clinton). Biden não terá uma assim SAUL LOEB / AFP

Reunião começa esta segunda-feira "ancorada" na cidade de Milwaukee, mas sem multidão. Joe Biden recebe nomeação quinta-feira.

A convenção democrata começa esta segunda-feira, em Milwaukee, estado norte-americano de Wisconsin, num centro de congressos despido das multidões de delegados, convidados e apoiantes que costumam preencher arenas ou estádios coloridos. Pela primeira vez, os candidatos a nomear oficialmente, na quinta-feira, para as eleições presidenciais de 3 de novembro - Joe Biden, para presidente, e Kamala Harris, para vice-presidente - nem sequer estarão presentes.

Devido à pandemia de covid-19, o Partido Democrata realizará uma convenção virtual, procurando criar impacto que dure até novembro e mobilizar a participação dos eleitores.

Joe Biden é o único candidato na corrida à nomeação pelos 1991 delegados estaduais, de um total de 3979 delegados que representam e debatem os interesses nacionais, mas ainda assim tem de ser aprovado. Esta corrida bateu o recorde de candidatos - 28.

Os moldes da convenção democrata de nomeação presidencial nos Estados Unidos remontam a 1832, tendo registado grandes mudanças na década de 1950, quando a televisão impôs programas novos e formas de interessar e entreter o público de casa, com efeitos visuais e fundos sonoros atrativos, procuram dominar a cobertura mediática.

Política-espetáculo acabou?

Para as cidades anfitriãs, receber uma convenção significa grandes investimentos, para receber um valioso retorno monetário em hospedagem, restauração, turismo e visibilidade nos grandes meios de informação.

Em 2020, a tradição da política-espetáculo não pode ser repetida e Milwaukee não receberá as dezenas de milhares de pessoas que esperava. Apenas os delegados locais discursarão no Wisconsin Center, onde a convenção está "ancorada", com transmissões digitais interagindo com múltiplos pontos. Todos os outros discursos, incluindo os de Michelle e Barack Obama, Hillary e Bill Clinton, e até de Kamala Harris e Joe Biden serão transmitidos em plataformas eletrónicas.

O programa da convenção está limitado a duas horas por noite, renunciando ao típico formato longo que permitia a muitos oradores subirem ao palco à tarde e no início da noite, antes das atrações principais em horário nobre.

Uma página de Internet, um "podcast" e uma aplicação ("Vote Joe") são instrumentos que, entre outros, se tornaram mais importantes do que nunca na campanha de Joe Biden. "Quis dar o exemplo de como devemos responder individualmente a esta crise", afirmou.

Os analistas dividem-se quanto a formatos menores, sem convívio de delegados, com emissão em linha e sem cobertura em direto das grandes redes de televisão. Há quem diga ser este o novo caminho da política na era digital e quem defenda ser um constrangimento passageiro e que a tradição da política-espetáculo regressará quando a pandemia acabar.

Trump de luto

O irmão mais novo de Donald Trump, Robert Trump, morreu anteontem à noite, aos 71 anos, depois de ter sido hospitalizado em Nova Iorque, anunciou o presidente norte-americano. "Não era apenas o meu irmão, era o meu melhor amigo", escreveu no Twitter.

Modelo indefinido

A convenção do Partido Republicano para a nomeação de Donald Trump e Mike Pence está marcada para os dias 17 a 20, em Jacksonville, na Florida, mas o modelo ainda não está definido e se o Presidente fará o discurso de aceitação no local. Há dias disse que o fará na Casa Branca ou no campo da batalha (Guerra Civil) de Gettysburg, Pensilvânia.