André Ventura, candidato presidencial apoiado pelo Chega, entregou esta sexta-feira "cerca de 10.250 assinaturas" para formalizar a sua corrida à presidência. Diz que, se vencer, jurará uma Constituição que quer alterar porque "não há outra hipótese".
"Jurarei sobre esta Constituição e, dentro dos mecanismos que ela prevê, procurarei alterá-la", afirmou Ventura à saída do Tribunal Constitucional, em Lisboa. Assegura que apenas cumprirá o protocolo porque "não há outra hipótese" e diz que o documento "não é uma Bíblia".
O deputado único do Chega garantiu que, se for eleito, irá "exercer influência junto dos partidos" para desencadear uma revisão constitucional. Acredita que, com o tempo, o seu partido conseguirá uma "influência eleitoral consideravelmente superior" e que isso facilitará o processo.
Ventura, que afirmou protagonizar a "primeira candidatura anti-regime desde o 25 de abril", irá, no caso de vencer as eleições de 24 de janeiro, usar o poder de veto para que "as leis que perpetuam este regime não entrem em vigor".
O líder da extrema-direita disse que esta candidatura será um "primeiro passo para a mudança de regime em Portugal". Se chegar a chefe de Estado, proporá "uma reforma profunda do sistema político, do sistema de Justiça e dos sistemas que consolidam a Terceira República".
Desta vez não há assinaturas irregulares, garante Ventura
André Ventura referiu que os seus objetivos passam por obter "o melhor resultado possível" e "ir à segunda volta" das eleições. Disse que "o grande ponto" das presidenciais será a sua discussão pelo segundo lugar com Ana Gomes e mostrou-se "convencido" de que ficará à frente da socialista.
Questionado sobre as alegadas assinaturas irregulares no processo de legalização do Chega, em 2019, Ventura respondeu que essas "irregularidades" estão a ser "objeto de investigação". "Espero que os responsáveis sejam encontrados", acrescentou.
O deputado e candidato presidencial recordou também que, ao contrário das assinaturas para a legalização do partido, estas "têm certidão das Juntas de Freguesia", pelo que, desta vez, não espera "contratempos" a esse nível.
O Ministério Público, recorde-se, abriu uma investigação sobre as assinaturas entregues aquando da fundação do Chega, uma vez que cerca de 2600 subscrições foram consideradas irregulares. Na altura, o Tribunal Constitucional detetou assinaturas de menores de idade ou de cidadãos já falecidos.