Justiça

Rede criminosa assaltou 64 lojas de malas Cavalinho

Em Lourosa, assaltantes usaram máscaras DR

Produtos furtados vendidos pela Internet. Pedida equipa especial para combater onda de crimes.

Com os dois furtos desta semana em Lousada e Famalicão, subiram para 64 os assaltos, em menos de dois anos, a lojas que vendem malas da marca Cavalinho. A vaga de crimes, que atinge sobretudo o Norte do país, já provocou um prejuízo de milhares de euros, o encerramento de espaços comerciais e atrasos no pagamento de encomendas.

A Cavalinho fala num clima de medo entre os lojistas, enquanto fontes das forças de segurança pedem a criação de uma equipa especial que junte GNR e PSP no combate a uma rede organizada, que ataca com planeamento e que escoa as malas pelas redes sociais.

"Os prejuízos já vão em largos milhares de euros. E ainda temos de juntar as perdas indiretas, pois não há tempo para produzir novas coleções e os lojistas deixam de vender". A garantia é do gerente da Cavalinho. Segundo Manuel Jacinto, os 64 assaltos a lojas que vendem malas da Cavalinho "criaram medo nos lojistas", além de terem forçado o encerramento de quatro lojas franchisadas. "Alguns clientes também estão com os pagamentos em atraso devido aos roubos", diz.

Para travar a onda de crimes, Manuel Jacinto pede o reforço de meios para que a Polícia possa ter mais patrulhas na rua. Exige, ainda, penas mais duras para os assaltantes e uma justiça mais célere. "Apesar de todos os assaltos, só um caso chegou a julgamento. O indivíduo foi apanhado a roubar, perseguido e detido em casa. Tinha cadastro, apanhou um ano de prisão, mas só cumpriu seis meses", justifica.

Operacionais violentos

Fontes das forças de segurança ouvidas pelo JN defendem a criação de uma equipa semelhante à que foi constituída para combater o roubo de cobre. Este grupo, propõem, seria constituído por elementos da GNR e da PSP, de forma a agilizar a troca de informação entre os dois órgãos de polícia criminal, que têm de enfrentar uma organização com um cabecilha e várias células operacionais.

São estas células, espalhadas pelo Norte de Portugal, que, perante encomenda do líder, estudam a loja a assaltar e, na noite do crime, furtam um carro que, sempre que possível, usam para arrombar a montra do espaço comercial. Se tal não for possível, recorrem a marretas e houve casos em que foram disparados tiros de caçadeira para partir o vidro.

"Não ficam mais do que cinco minutos em cada loja para evitar serem apanhados em flagrante e sabem bem onde está o produto que querem furtar. São violentos e causam alarme social", refere fonte policial, que explica que estes operacionais abandonam o veículo utilizado no assalto logo que possível. "Em Santarém, os assaltantes criaram uma distração para atrair o único carro patrulha disponível na cidade antes de efetuarem os furtos", descreve Manuel Jacinto.

Vendidas baratas na Internet

As malas Cavalinho roubadas são entregues ao cabecilha e é este que, com a ajuda de colaboradoras, as vende em sessões realizadas em direto a partir do Facebook, em vez das tradicionais feiras. Uma mala que, em loja, custa 180 euros é comercializada online por preços a rondar os 50 ou 60 euros. A opção pelas redes sociais para escoar as malas furtadas evita fiscalizações que possam identificar os elementos da organização.

"São assaltos cirúrgicos e a rede até sabe o dia em que as encomendas são entregues nas lojas e as prateleiras que têm em exposição as malas mais apetecíveis", confirma Manuel Jacinto.

Roberto Bessa Moreira