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Francisca Van Dunem diz que não será ministra num próximo Governo PS

Francisca Van Dunem revela que tinha acordo com António Costa para ficar no Governo até ao fim da presidência portuguesa da UE ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA

A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, diz que não fará parte do próximo Governo se o PS ganhar as eleições e António Costa assumir a função de primeiro-ministro.

"Eu já estava neste Governo até final da Presidência portuguesa da União Europeia, era a combinação que tínhamos. Porque era suposto que houvesse uma remodelação a seguir", afirmou ao jornal "Público".

A presidência portuguesa do Conselho da União Europeia decorreu entre 1 de janeiro e 30 de junho. Estas declarações da ministra da Justiça contrariam afirmações do primeiro-ministro, António Costa, em setembro, nas quais afastava qualquer remodelação do seu Governo.

Questionada pelo "Público" sobre a sua decisão de não assumir nenhum cargo num próximo Governo, Francisca Van Dunem disse: "Acho que sou neste momento a pessoa que mais tempo esteve na pasta da Justiça".

"Temos de dar lugar a outras pessoas. E depois o meu lugar não é aqui, a minha profissão não é esta. Acho que tenho de ir para o meu lugar", sublinhou.

"Só tive num lugar mais tempo do que este, que foi na Procuradoria-Geral da República, nove anos. Sempre estive cinco/seis anos no mesmo lugar porque chega uma altura em que já não temos capacidade de ver de fora, e isso é importante. Quando ficamos no mesmo núcleo, falamos entre nós, não há respiração. E isto é uma democracia. Tem que vir para cá outra pessoa. Vim na altura porque achei que era uma proposta importante, trabalhar com António Costa, confiava nele, e achei que era um projeto de trabalho interessante", disse.

Francisca Van Dunem esteve no gabinete do procurador-geral da República entre 1999 e 2001 e, entre outros cargos, foi procuradora-geral distrital de Lisboa de 2007 até integrar o Governo de António Costa em 2015.

"Refrescar" no inverno

Em setembro, o primeiro-ministro afastou qualquer remodelação do seu Governo na sequência das eleições autárquicas, contrapondo que remodelações acontecerão entre os autarcas, mas foi enigmático quando disse que "refrescar" acontece com o período de inverno.

Estas palavras de António Costa foram proferidas em declarações aos jornalistas, após a sessão em que foi anunciado o fim da missão da equipa coordenadora do processo de vacinação contra a covid-19, liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo.

"Julgava que a questão da remodelação do Governo tinha ficado esclarecida e ultrapassada em julho. Não está nenhuma remodelação prevista. A única remodelação que as eleições autárquicas determinaram é a remodelação dos autarcas", respondeu.

Minutos depois, no entanto, ainda em resposta a questões dos jornalistas, António Costa foi interrogado se não poderia fazer "um refrescamento" do seu executivo. O primeiro-ministro disse então o seguinte: "Naturalmente, o outono vai começar a arrefecer o clima".

JN/Agências