Foi encontrado sem vida, às 10 horas de ontem, domingo, o homem de 34 anos, praticante de rafting, que na véspera desapareceu nas águas do rio em Castelo de Paiva. O irmão seguia no mesmo grupo. O barco descontrolou-se e a vítima saltou para o lado errado.
Junto à ponte da Bateira, que liga as margens do Paiva entre Castelo de Paiva e Cinfães, as águas bravas deslocavam-se de forma impiedosa em direcção ao Douro, indiferentes ao misto de revolta e consternação que se vivia sobre o tabuleiro, na manhã de ontem. Lágrimas e prolongados abraços de conforto sobre uma chuva persistente completavam o cenário de consternação.
Não muito longe, em Castro Daire, a dor e o desespero apoderavam-se também da família de João Filipe Borges quando correu a notícia a confirmar a sua morte. "Apesar de estar desaparecido e tudo apontar para este desfecho, o choque foi brutal. O meu primo era o amparo da mãe e da avó. Vai ser muito difícil às duas ultrapassarem esta perda", desabafou o primo Manuel Paiva Almeida, também bombeiro nos Voluntários de Castro Daire.
Três barcos de borracha, cada um com sete pessoas, participavam, anteontem, na descida de rafting no rio Paiva. Num deles seguia o grupo de Castro Daire que incluía, além da vítima mortal, o irmão Ricardo Borges.
"Está destroçado. Viu o irmão desaparecer à sua frente. Contou-nos que a dado momento a embarcação ficou descontrolada e o monitor aconselhou-os a saltarem. Fizeram-no todos para o lado da margem. Só o João o fez para o lado do leito acabando por ser engolido pela corrente", relata, emocionado, Manuel Paiva Almeida.
Rafael Soares, um dos sócios do Clube do Paiva, a empresa que organizou a descida de anteontem, confirma que houve "uma distracção". "Foi mesmo no fim da actividade. Não conseguimos fazer a acostagem e a tripulação não colaborou com o monitor, conforme era esperado, quando ele disse que era preciso remarem todos com força para trás", relatou Rafael Soares, citado pela Lusa. Para aquele empresário, o acidente de anteontem foi "uma infelicidade".
A um quilómetro da ponte
Segundo Rafael Soares, quando João Filipe caiu à água "os amigos disseram que ele se safava porque era bom nadador". Mas o homem acabou por falecer e o corpo só foi encontrado às 10 horas de ontem, por uma equipa de bombeiros que o procurava desde as primeiras horas da manhã. Estava a menos de um quilómetro de distância do local da queda, junto à Quinta de Varzielas (Castelo de Paiva).
"Viram o capacete no meio do rio e aperceberam-se que era o homem". "Um bombeiro teve que entrar nas águas, preso por espias, para resgatar o corpo", precisou, ao JN, o comandante dos bombeiros de Castelo de Paiva, Joaquim Rodrigues.
A notícia acabou com a já escassa esperança de duas dezenas de praticantes daquele desporto radical que, junto à ponte da Bateira, se reuniram às primeiras horas da manhã, e se preparavam para descer o rio em busca do amigo desaparecido numa zona muito procurada para a prática de rafting mas também perigosa.
"Ali não há lugar a brincadeiras. Temos que remar todos para o mesmo lado, porque sobram apenas entre cinco a 10 metros para a ancoragem. Se isso não acontecer, temos logo de seguida o açude e um problema muito grande pela frente", explicou, ao JN, um dos responsáveis por uma empresa de rafting.