"Esta morte era facilmente evitável, mas ninguém nos deu ouvidos", defendeu Nuno Borges, um dos pioneiros do rafting em Portugal que, há mais de uma década, se lançou nas águas tumultuosas do rio Paiva, promovendo as descidas em grupos organizados.
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Nuno Borges, que ontem se deslocou da sua casa na Caparica para dar apoio aos colegas, lamenta que os apelos efectuados "para as câmaras e Águas do Douro e Paiva" tenham caído em saco roto.
O único desportista que assumiu publicamente as críticas ouvidas entre os praticantes de rafting que se deslocaram ontem ao local do acidente, referia-se à falta de um porto de ancoragem junto à Ponte da Bateira, em Castelo de Paiva, local onde terminam a maioria das descidas e onde foi construído um açude.
"Foi um acidente estúpido que aconteceu por não haver um acesso do rio à margem" explicou Nuno Borges, referindo que também a saída da margem para a estrada ficou mais complicada após a construção de uma estação das Águas do Douro & Paiva. O acesso era efectuado pelo local da estação, que está vedada, muitas vezes a cadeado, o que obriga à procura de saídas alternativas que dificultam a retirada dos participantes e equipamentos.
Conhecedor das águas e perigos que o Paiva ostenta, Nuno Borges admite, porém, que o acidente de anteontem "pode acontecer a qualquer praticante". "Um desporto de aventura tem sempre os seus riscos, mesmo quando asseguradas as condições de segurança, como foi o caso", disse.
