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Mais de dois milhões de idosos com vacina de reforço até ao Natal

Leonel de Castro/Global Imagens

Nova dose será dada em simultâneo com a da gripe. Grávidas e crianças doentes em estudo. Plano pode sofrer alterações em função de novas variantes.

A vacina contra a covid-19 vai integrar o plano sazonal de vacinação e ser coadministrada com a vacina da gripe. O plano para o próximo Outono-Inverno arranca a 5 de setembro para as pessoas que têm mais de 65 anos e residentes em lares e unidades de cuidados continuados que irão poder receber as vacinas da gripe e covid ao mesmo tempo.

A intenção, explicou ontem a diretora-geral de Saúde, é que "até dezembro" sejam vacinados todos os que integram os grupos elegíveis. De acordo com o Censos 2021, no Continente há cerca de 2,3 milhões com 65 ou mais anos. A este universo acrescem os profissionais de saúde e os maiores de 18 com doenças graves que também serão chamados para o reforço da covid-19.

As duas vacinas podem ser dadas em simultâneo na atual rede, que inclui centros de vacinação e de saúde, e que neste momento tem capacidade para administrar 300 mil doses por semana. "Será suficiente para vacinar a população que referimos", garantiu a ministra da Saúde na apresentação do plano. Marta Temido afastou a possibilidade de as farmácias entrarem na rede.

Grávidas e crianças com patologias vão integrar o grupo de elegíveis para a vacina da gripe e a comissão técnica está "a estudar" a sua possível inclusão também nos que vão receber reforço contra a covid-19. "É apenas uma possibilidade, vai ser decidido em função dos estudos", frisou Graça Freitas.

A estratégia será a mesma: prevenir através da proteção dos grupos mais vulneráveis. Mas a vacinação contra a covid-19 vai passar a integrar o plano de reforço sazonal. Graça Freitas repetiu que o historial pessoal de doses de reforço deixará de ser tido em conta. Serão chamados à vacinação os que integram os grupos elegíveis, desde que tenham um intervalo mínimo de três meses relativamente à última dose ou à infeção por covid-19.

Contexto de incerteza

A vacinação contra a gripe prevê, pela primeira vez, a administração da tetravalente reforçada que vai ser dada também aos 120 mil idosos residentes em lares.

O plano, explicou a diretora-geral, foi desenhado no pressuposto de que as novas variantes terão "um perfil semelhante às que estão em circulação neste momento" e serão administradas as vacinas que estiverem disponíveis. Neste momento, o país tem em stock 6,9 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 e vai investir 15 milhões de euros na compra de vacinas contra a gripe. No entanto, admitiu Marta Temido e reforçou Graça Freitas, o plano pode "ser adaptado" em função do aparecimento de novas variantes e vacinas.

5 de setembro
A campanha arranca a 5 de setembro com a vacinação dos que têm mais de 80 anos.

Mais de 70 anos
A partir da "segunda ou terceira" semana de setembro começam a ser chamados os que têm 70 ou mais anos.

Outubro
Em meados de outubro começam a ser vacinados os restantes que integram o grupo de elegíveis. A intenção é que o processo esteja concluído "até dezembro".

Com mais 400 mil inscritos no Serviço Nacional de Saúde, há atualmente 1,4 milhões de utentes sem médico de família atribuído, revelou ontem a ministra da Saúde. Destes mais de 900 mil vivem na região de Lisboa e Vale do Tejo, cerca de 100 mil no Alentejo e outros tantos no Algarve. Marta Temido anunciou que "nos próximos dias" será lançado concurso para os médicos recém-especialistas (324) cujo número de vagas será superior para tentar cativar profissionais do privado para o SNS.

Alexandra Inácio