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Marcelo realizou mais do dobro das viagens feitas por Mário Soares

LUSA

Presidente da República esteve em 43 países dos cinco continentes.

Em seis anos, Marcelo Rebelo de Sousa já fez o dobro das deslocações ao estrangeiro do presidente da República mais viajado até agora, Mário Soares: 104, contra 48 do falecido chefe de Estado. Depois de ter estado em Angola para o funeral de José Eduardo dos Santos, Marcelo está de partida, hoje, de novo para o Brasil e depois regressa a Lisboa no dia 10.

Só no primeiro mandato, Marcelo Rebelo de Sousa fez 80 deslocações ao estrangeiro e esteve em 39 países. Um ano depois das presidenciais de 2021, o chefe do Estado já soma 104 deslocações a 43 países (em 27 dos quais apenas uma vez) dos cinco continentes. Um feito até agora concretizado apenas por Jorge Sampaio e por Cavaco Silva, os únicos a estarem nos cinco continentes. O falecido chefe do Estado realizou 45 viagens oficiais e de Estado, de 1995 a 2005.

Outro recorde batido por Marcelo Rebelo de Sousa foi o de Mário Soares, que, até agora, era o chefe do Estado mais viajado. O atual presidente da República já efetuou o dobro das viagens realizadas pelo falecido fundador do PS, que tinha feito 48 entre 1986 e 1996 (22 deslocações no primeiro mandato e 26 no segundo).

quase 250 viagens

Entre os cinco chefes de Estado da democracia portuguesa, Cavaco Silva foi o menos viajado. Fez 26 viagens entre 2006 e 2016: 14 no primeiro mandato e 12 no segundo mandato.

Segue-se o primeiro presidente da República da democracia portuguesa, Ramalho Eanes, com 28 viagens oficiais e de Estado realizadas no período de 1976 a 1986: 14 no primeiro mandato e 14 no segundo.

No total, até à atualidade, os cinco chefes de Estado após o 25 de abril efetuaram 251 viagens oficiais e de Estado ao estrangeiro.

O mais rápido

Marcelo também foi o mais rápido a partir para o estrangeiro. Menos de dois meses depois de ter tomado posse, no dia 3 de maio de 2016, viajou para Moçambique.

Por exemplo, Ramalho Eanes esperou quase um ano para ir a Espanha, o país mais visitado por Marcelo Rebelo de Sousa: já lá esteve 16 vezes. Já Mário Soares esperou nove meses para ir a São Tomé e a Cabo Verde.

"São visitas de trabalho", sublinha o professor de Ciência da Política da Universidade do Minho José Palmeira. O docente desvaloriza, assim, os custos associados e prefere olhar para o retorno, considerando "fulcrais" as 104 deslocações de Marcelo, num mundo globalizado em que "tudo é diplomacia".

"A vida política é cada vez mais feita de diplomacia e de contactos. Os contactos contam. As pessoas num ambiente formal são mais facilmente convencidas do que à mesa de umas negociações", justifica José Palmeira, lembrando que Portugal é dos países mais antigos e que tem uma das maiores diásporas do Mundo.

Bicentenário usado como marketing

A celebração do bicentenário da independência do Brasil, amanhã, no Rio de Janeiro, será usada como uma peça de marketing político eleitoral de Jair Bolsonaro, prevê a investigadora social Carolina Botelho. "Esse é o grande alvo dele. A estratégia é em direção a uma ação eleitoral. É só mais uma peça de um marketing político visando o período eleitoral", diz a investigadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, citada pela Lusa.

Angola

Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi a Angola, para participar no funeral de José Eduardo dos Santos.

Brasil

O presidente da República vai estar, entre hoje e sábado, no Brasil, "para participar nas celebrações do bicentenário da independência daquele país", a convite do seu homólogo Jair Bolsonaro. Marcelo já tinha estado no Brasil entre 2 e 4 de julho, para assinalar o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul e para a inauguração da Bienal do Livro. Acabou envolvido em polémica devido ao encontro com Lula da Silva, e Bolsonaro recusou recebê-lo.

Hermana Cruz