Beja

Protesto contra encerramento do convento do Carmelo em Beja

Saída das duas últimas Irmãs Carmelitas aconteceu no final de setembro Teixeira Correia

Os portões do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja, apareceram na manhã desta quinta-feira pejados de papéis de protesto contra o encerramento daquele espaço religioso que existe na cidade há 68 anos.

Trata-se do primeiro convento feminino da Ordem do Carmo em Portugal, e foi encerrado no passado dia 27 de setembro com a saída das duas últimas Irmãs Carmelitas, Madalena e Luísa, cujo novo destino se mantém desconhecido. No passado mês de agosto, também a religiosa Inês tinha deixado o Carmelo.

Nas mensagens afixadas nos portões do Carmelo pode ler-se que este foi "encerrado por vontade e decisão da Santa Sé", sendo que num outro papel está escrito que a "comunidade cristã do Alentejo e os amigos deste Carmelo está indignada com esta decisão e solicita a reabertura deste convento (pela mesma Ordem Carmelita de Clausura)".

Recorde-se que o processo de encerramento do Carmelo de Beja começou em 12 de julho de 2019, quando a Santa Sé assinou o decreto que tornava definitiva a medida, uma decisão que só foi tornada pública três meses depois pelo bispo de Beja, D. João Marcos. A decisão da Santa Sé foi justificada pela falta de religiosas, tendo o responsável máximo da Diocese de Beja justificado que "o mosteiro é uma comunidade e para existir comunidade pelas normas da Santa Sé, tem que haver pelo menos sete pessoas", explicou o bispo.

Quando há três anos foi tornado público o encerramento do Carmelo, o Bispo de Beja referiu que "brevemente uma nova comunidade irá habitar entre nós", mas volvido todo esse hiato de tempo, a única realidade conhecida é que o convento fechou.

Uma pergunta que se faz desde aquela data em Beja é qual será o destino a dar ao edifício, instalado uma propriedade com cerca de 7.700 metros, localizada na principal entrada da cidade, no acesso de e para Lisboa.

O JN contactou a Diocese de Beja no sentido de chegar à fala com o Bispo D. José João Marcos, para obter esclarecimentos sobre o caso, mas o mesmo ainda não obteve resposta.

O Carmelo do Sagrado Coração de Jesus foi fundado em abril de 1954 pelo D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura determinante na restauração da Diocese de Beja. Para refundar o Carmelo, naquela data vieram de Sevilha seis carmelitas, quatro portuguesas e duas espanholas, entre as quais a Madre Priora.

O terreno onde foi edificado o Mosteiro foi cedido por um casal de Beja, Maria e Francisco da Cruz Martins, podendo os herdeiros dos doadores vir a pedir a reversão do mesmo, depois do encerramento do espaço.

Teixeira Correia