A Cruz Vermelha Portuguesa-Delegação de Beja (CVP-DB) já contactou a família Cruz Martins sobre o Carmelo, para saber se a atividade da instituição se enquadra nas ideias dos herdeiros, no caso da reversão do terreno e edifício.
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Depois das notícias divulgadas pelo JN sobre o desejo dos herdeiros de Maria Benedita e Francisco Cruz Martins, que em 1963 doou o terreno e pagou parte da construção do mosteiro onde foi edificado o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, de Beja, um responsável da CVP-DB conversou com Francisco, um dos filhos do casal para demonstrar o interesse pelas instalações.
Fonte da Cruz Vermelha de Beja revelou ao JN que "da primeira conversa, percebemos que há abertura para uma eventual instalação das duas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI"s), por se enquadrar dentro do espírito social que a família pretende dar ao Carmelo, caso as Irmãs Carmelitas não regressem e depois de se consumar a reservação".
A mesma fonte acrescentou que a principal preocupação da CVP-DB "é dar boas condições de vida aos seus utentes. As instalações no Centro Histórico, Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário (ERPI"s), não estão a ser um espaço com muita dignidade", concluiu o nosso interlocutor. A Cruz Vermelha precisa de resolver o problema das duas ERPI"s que tem mais de uma década quando assinou o contrato com as Infraestruturas de Portugal para na antiga cantina da REFER situar aquelas duas estruturas. Já gastou mais de 1,5 milhões de euros e as obras estão paradas há cinco anos.
No passado dia 19 de outubro, o JN revelou as palavras que Francisco Cruz Martins, deixava como aviso: "ou regressam as irmãs carmelitas ou a Igreja devolve o Carmelo à nossa família. Ou fazem-no a bem ou fazem-no em tribunal", justificou.
O herdeiro foi taxativo ao recordar a escritura datada de 21 de novembro de 1963 que refere tratar-se de uma "doação pura e irrevogável às Irmãs Carmelitas da Antiga Observância do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus", acrescentando a família "quer e vai cumprir os desígnios dos meus pais", sustentou.
Tendo como justificação "a falta de irmãs" na Comunidade Carmelita, a Diocese "executou" em 22 de outubro de 2019 o decreto de supressão que fora assinado por D.José Rodriguez Carballo, a 12 de julho, em Roma. No passado dia 27 de setembro, com a saída das duas últimas Irmãs Carmelitas, Madalena e Luísa, as portas do espaço foram encerradas. Na manhã do passado dia 13, os portões do Carmelo apareceram pejados de papéis em protesto contra o encerramento do espaço religioso. Nas mensagens afixadas podia, e ainda pode, ler-se que "foi encerrado por vontade e decisão da Santa Sé. A comunidade cristã e amigos do Carmelo está indignada e solicita a reabertura".
Obra do futuro Lar Residencial da CVP no antigo edifício da REFER
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) já gastou mais de um milhão (1.020.000) de euros em rendas, mais meio milhão de euros em obras, resultante de um empréstimo bancário que a instituição está também a pagar a par da renda mensal, apesar de as obras estarem paradas desde fevereiro de 2017.
Há mais de 10 anos, em 28 de fevereiro de 2012, pela mão do então presidente Luís Barbosa, a CVP assinou com um contrato para o aluguer e recuperação do edifício, antiga cantina da REFER, pertença das Infraestruturas de Portugal, válido por 20 anos e renovável, para ali instalar a Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário.
A 27 de novembro de 2017, nove dias após a tomada de posse do cargo de presidente da instituição, Francisco George esteve em Beja e anunciou que "vão ser investidos mais de um milhão de euros na construção da residência. Está garantido o financiamento de mais 60 mil euros para as concluir", assegurando que no dia 2 de janeiro de 2018 as obras iriam ser retomadas. Volvidos quase 6 anos continua tudo parado.