Cultos ao domingo chegam a ter mais de 500 pastores. Comunidade é composta sobretudo por brasileiros.
São 10.30 horas e um ecrã gigante dá as boas-vindas a quem chega à Igreja Batista da Lagoinha, instalada num pavilhão na freguesia de Nogueira, em Braga. É pedido que as pessoas escolham "um bom assento", enquanto um cronómetro marca o passo para o início da cerimónia. Assim que chega ao zero, surge em palco um "bom dia" efusivo por parte de Ana Paula Manzo, a pastora que vai guiar o culto. No último domingo de manhã, falou para quase 600 pessoas, numa liturgia em que sobressaiu a música e a dança.
Ana Paula Manzo preside ao colégio de pastores da Igreja Batista da Lagoinha de Braga, com cariz evangélico. Só ela e os pastores deste colégio podem ministrar as cerimónias, que vão decorrendo, por temáticas, ao longo da semana. Ao domingo, com duas sessões dedicadas às famílias, é quando o pavilhão mais se enche de fiéis, também eles chamados pastores. "São cerca de 80% de brasileiros e 20% de portugueses e outras nacionalidades", adianta Herbert Duarte, outro membro do colégio, satisfeito por, diariamente, receberem novos contactos.
"Contactam-nos muito pelas redes sociais. Às vezes, antes de chegarem a Braga, já estão a procurar-nos. E há quem venha à cidade de propósito, de vários sítios da Europa, só para nos visitar", revela o pastor. Ana Paula Manzo corrobora as palavras do colega. "Hoje [domingo passado] tivemos um café de boas-vindas para 30 pessoas. Mas, todos os meses, são mais 30, 40 ou 50 pastores novos que chegam", contabiliza a líder.
Herbert Duarte diz que "é Deus" que tem trazido essas pessoas para a Lagoinha de Braga, mas também consegue explicar o fenómeno para além do lado espiritual. "Temos uma cerimónia que agrada às pessoas", salienta, apontando para a música, a dança, as orações e o momento dos "apelos", em que convidam, por exemplo, a assistência que está a viver problemas pessoais a juntarem-se aos pastores do colégio para uma oração individual. "São pessoas que estão a passar por momentos de várias ordens, seja ao nível familiar, do casamento, trabalho ou até relacionados com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que é comum com os imigrantes", exemplifica.
"o Abraço de deus"
Maria Luísa, com 20 anos, foi uma das pastoras que "[precisou] deste abraço" no último domingo. "Senti que a mensagem [da homilia] era para mim e senti aquele abraço como um abraço de Deus", descreve a jovem, que não falha uma cerimónia. O mesmo acontece com Lucas Sousa, de 17 anos. Leva-os ali "a alegria" que se vive no culto. "Somos livres para nos expressarmos", concretiza Maria Luísa, que tanto sorriu, como se emocionou durante as cerca de duas horas da liturgia.
Maioritariamente, são "os ensinamentos do apóstolo São Paulo" que servem de inspiração aos membros do colégio. "Tudo o que é feito aqui tem fundamento na Bíblia", assevera Herbert Duarte, acrescentando que a Lagoinha de Braga funciona só com voluntários, à exceção da líder, Ana Paula Manzo. A igreja vive de donativos, que podem ser deixados durante os cultos, por exemplo, dentro de um envelope ou até por multibanco.