Justiça

Greve dos funcionários judiciais volta a adiar decisão do caso "e-Toupeira"

Paulo Gonçalves não conheceu esta tarde a sentença como estava previsto André Luís Alves / Global Imagens

A leitura do acórdão do processo em que Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico da SAD do Benfica, está acusado de ter subornado funcionários judiciais para espiarem casos a correr na Justiça voltou a ser adiada, esta segunda-feira, devido à greve dos funcionários judiciais.

É a segunda vez, em menos de um mês, que o desfecho do julgamento, em Lisboa, é adiado devido à paralisação dos oficiais de justiça. A leitura do acórdão já tinha, anteriormente, sido reagendada em três ocasiões, por outros motivos.

"É o direito à greve, tem de se respeitar", reagiu esta segunda-feira, à saída do tribunal, Paulo Gonçalves, sublinhando que mantém a "convicção" de que vai ser absolvido pelo tribunal.

"A minha fé e a minha consciência são mais fortes do que todos aqueles que me perseguem e me tentam caluniar", afirmou.

Além do ex-assessor jurídico, são arguidos no processo "e-Toupeira" dois funcionários judiciais. Júlio Loureiro - que se apresentou com uma t-shirt solidária com o protesto - e José Silva são suspeitos, segundo o Ministério Público, de terem sido subornados com camisolas do Benfica e bilhetes para jogos dos encarnados.

Os factos remontam a 2018 e em causa estão crimes de corrupção, acesso indevido e violação de segredo.

Nas alegações finais, em julho de 2022, o Ministério Público insistiu na condenação dos três arguidos, enquanto a defesa pugnou, em geral, pela absolvição.

Sem nova data

"Não fiz nada. [...] Estou de consciência tranquila", reiterou esta segunda-feira, aos jornalistas, Júlio Loureiro.

O julgamento começou em setembro de 2021, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, e a SAD do Benfica, que chegou a ser acusada pelo Ministério Público, foi ilibada de todos os crimes antes do seu início, na fase de instrução.

Para já, não foi agendada nova data para a leitura do acórdão. Em curso estão duas greves: uma por termo indeterminado, entre as 13.30 e as 24 horas, convocada pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça, e outra até 15 de março de 2023, sem limite horário, a audiências e outros atos, promovida pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais.

Inês Banha