DGS reforça estratégia de imunização contra a tuberculose. Avaliar o risco, atuar logo na maternidade e, se necessário, abrir um frasco por criança.
Apesar de relativamente estável, com 6,1 casos por 100 mil crianças até aos cinco anos, a tuberculose infantil resultou, em 2021, em sete casos graves - apenas um dos menores estava vacinado com a BCG - e numa morte. A vacinação, que deixou de ser universal em 2016, visa a prevenção de casos graves da doença, sendo agora reforçada pela Direção-Geral de Saúde em crianças pertencentes a grupos de risco, vacinando-as, quando possível, ainda na maternidade, ou no prazo máximo de duas semanas.
"A epidemiologia da tuberculose em crianças está mais ou menos estável, mas continuam a surgir casos esporádicos e alguns deles não foram vacinados e identificados", explica ao JN a coordenadora do Plano Nacional de Vacinação, para quem "continua a fazer sentido a estratégia de vacinação de grupos de risco".
Identificar e vacinar
Tanto mais que, diz Teresa Fernandes, "por vezes as crianças estão em famílias onde os casos são diagnosticados tardiamente", sendo fundamental "em cada consulta verificar se a criança tem risco ou não".
Apostando-se, assim, no "reforço da identificação de elegibilidade, vacinando o mais depressa possível, de preferência na maternidade, ou até um máximo de duas semanas". Nem que para tal, sublinha a responsável pelo Plano Nacional de Vacinação, "se tenha de gastar um frasco por criança".
Teresa Fernandes recorda que a "BCG previne casos graves, como doença invasiva ou meningite". E uma vez que "a transmissão entre crianças não é fácil - elas contraem a doença a partir dos adultos -", a avaliação do risco, "que não é cega", é fundamental para evitar doença grave nos menores e travar a cadeia de transmissão. Em causa, explique-se, a vacinação de crianças com menos de seis anos, sendo que a partir dos 12 meses devem ser feitas, primeiramente, provas de tuberculina.
As alterações à norma de vacinação contra a tuberculose preveem, então, que as crianças elegíveis devem ser vacinadas no "prazo máximo de duas semanas, mesmo que isso implique abrir um frasco por criança". Antes, preconizava-se a organização de "uma sessão de vacinação, pelo menos, de duas em duas semanas".
Grupos de risco
Crianças que tenham coabitantes com antecedentes de tuberculose, dependência de álcool ou drogas nos últimos cinco anos e reclusão há menos de cinco anos; naturais de países de elevado risco; ou, entre outros, pertencentes a comunidades (definidas pelas unidades locais) onde se concentra um elevado número de casos.
Agravamento
Em 2021, a população imigrante registou uma taxa de notificação 3,8 vezes superior à média nacional. A mediana de dias até ao diagnóstico aumentou de 79 para 86 dias, sobretudo atribuível ao utente.