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Vinculação de praças nas Forças Armadas vai avançar este ano

26 957 efetivos é o número de militares das Forças Armadas registado no final de 2022 Pedro Granadeiro / Global Imagens

Medida visa aumentar a atratividade das Forças Armadas, que estão a perder efetivos.

Há muito reivindicado pelos militares, o quadro permanente para a categoria de praças no Exército e na Força Aérea vai avançar, finalmente, neste ano. A garantia foi dada, ao JN, pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, que justifica, com a pandemia de covid-19, o atraso na implementação de medidas que visam consolidar a profissionalização das Forças Armadas.

Concluído o estudo da viabilidade para a criação do quadro permanente para praças no Exército e na Força Aérea (a Marinha já tem), a medida, cujo lançamento chegou a estar previsto para o ano passado, vai avançar até dezembro de 2023.

"É um processo que, seguramente, vai concretizar-se este ano", assegurou Helena Carreiras. "Está já em processo legislativo o diploma que criará estes quadros permanentes de praças no Exército e na Força Aérea", adiantou a ministra.

As associações de militares alertam, contudo, que a medida não surtirá efeito, se não for acompanhada de uma valorização salarial desses efetivos. "Com todos os deveres associados à condição militar, uma praça leva para casa cerca de 700 euros por mês, com descontos feitos. Enquanto não houver alterações para estas questões, não há recrutamento nem retenção", avisa o cabo-mor Paulo Amaral, da Associação de Praças.

Plano apresentado hoje

Quatro anos decorridos sobre a divulgação do Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar, o programa volta hoje a ser apresentado pela tutela, após revisão. As associações que representam os militares afirmam que a versão revista nada tem de novo e lamentam que não responda às necessidades dos profissionais, que passam, entre outras reivindicações, pela valorização remuneratória.

A ministra da Defesa, Helena Carreiras, fala, porém, numa "continuidade entre o plano de 2019 e o atual" e afirma que "há um conjunto de aspetos afinados e revistos", além de "ajustamentos, adequações e novas medidas". Como é o caso do Regime de Contrato Especial, que foi aberto às praças do Exército no ano passado, e será alargado, agora, a novas áreas funcionais e à Força Aérea, passando a incluir, por exemplo, a ciberdefesa.

No entanto, as associações têm dúvidas. Para o sargento-mor Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos, o plano de ação "é um desastre. É algo requentado que não vem resolver os problemas, enquanto não houver coragem política para rever o regime remuneratório".

O tenente-coronel António Mota, da Associação de Oficiais das Forças Armadas, lembra, ainda, as questões relacionadas com o apoio social e a saúde. "O plano não vai ao essencial daquilo que defendemos e é igual ao de 2019, porque as medidas não foram implementadas", concretiza.

26 957 efetivos

é o número de militares das Forças Armadas registado no final de 2022, de acordo com informações do Ministério da Defesa. Representa um decréscimo de 1452 efetivos face ao ano de 2021.

Ana Correia Costa