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Hospitais fiéis às máscaras apesar de uso ser opcional

Nas áreas clínicas o Governo deu autonomia aos estabelecimentos para adotarem ou não esta proteção Artur Machado / Global Imagens

Utilização obrigatória caiu no dia 18 de abril, mas muitos serviços optaram por jogar pelo seguro, recomendando a proteção em determinadas circunstâncias.

Se entrar num hospital e constatar que a maioria das pessoas ainda usa máscara de proteção facial, não estranhe. A obrigatoriedade universal caiu, mas a jogar pelo seguro, vários hospitais do país mantiveram a recomendação do uso de máscara para profissionais, utentes e acompanhantes. As medidas adotadas diferem entre hospitais, dentro dos serviços e consoante os doentes. E entre estes, há muitos que preferem proteger-se e usam-na mesmo sem ninguém pedir. Em caso de doença covid-19, suspeita ou confirmada, ou sintomas de infeção respiratória aguda é que não há dúvidas: é mesmo para usar.

As máscaras deixaram de ser obrigatórias nas áreas não clínicas dos serviços de saúde, mas nas áreas clínicas o Governo deu autonomia aos estabelecimentos para adotarem ou não esta proteção que durante a pandemia fez parte do dia a dia dos portugueses.

O decreto-lei que pôs fim ao uso obrigatório de máscara nos estabelecimentos de saúde, lares e unidades de cuidados continuados entrou em vigor a 18 de abril e o JN perguntou a vários hospitais do país o que decidiram fazer.

No Centro Hospitalar (CH) e Universitário Santo António, no Porto, e no Hospital de Braga mantém-se o uso de máscara "em situações de risco para a difusão do vírus SARS-CoV2 ou outras infeções respiratórias agudas (como na época pré-pandemia)". Assim, além dos doentes com sintomatologia respiratória aguda, também os profissionais que fazem procedimentos associados a projeção de gotículas e que atuam em ambientes asséticos devem usar máscara.

Apesar de uma sala de espera não ser considerada uma área clínica, o CH Universitário S. João decidiu atuar também nestes espaços. Desta forma, a recomendação da máscara "estende-se a locais de espera, com elevada aglomeração de pessoas, e a locais em que o risco de haver pessoas com doença infecciosa é grande, num contexto em que estão doentes frágeis, como é o caso das urgências". O CH de Gaia/Espinho também recomenda a máscara quando há "elevada aglomeração de pessoas".

Nos hospitais de Coimbra, tal como na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, além das áreas asséticas (blocos operatórios, salas de procedimentos), a recomendação estende-se às visitas dos doentes sintomáticos e aos doentes imunodeprimidos.

Imunodeprimidos têm de usar

Nas unidades do CH Lisboa Central, que inclui o Hospital de S. José, os transplantados/imunodeprimidos também continuam a usar máscara, bem como os profissionais que contactam com estes doentes. Para o CH Lisboa Norte (hospitais de Santa Maria e Pulido Valente), o uso de máscara "continua a ser indicado em situações devidamente justificadas", nas quais se incluem doentes com sintomas de infeção respiratória e profissionais que estão em contacto com estes.

No Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), doentes com covid (suspeita ou confirmação) ou doentes admitidos com infeções respiratórias têm mesmo de usar proteção facial. Já no CH do Médio Tejo (Tomar, Abrantes e Torres Novas) há várias recomendações para uso de máscara, mas a obrigatoriedade cinge-se aos blocos cirúrgicos.

1150 dias de pandemia

Exatamente 1150 dias depois, a Organização Mundial da Saúde decretou, na passada sexta-feira, o fim da pandemia covid-19 como emergência sanitária global.

Sete milhões de mortes

Desde que foi detetado em Wuhan, na China, o SARS-CoV-2 matou cerca de sete milhões de pessoas em todo o Mundo. Em Portugal cerca de 27 mil infetados não resistiram.

Recomendado para os de maior risco

O uso obrigatório de máscaras na comunidade foi revogado no mês passado, mas mantém- -se recomendado em ambientes fechados ou aglomerações, para pessoas vulneráveis, nomeadamente doentes crónicos ou imunodeprimidos, com maior risco para a covid.

Impactos noutras doenças

A utilização de máscaras e outras medidas de proteção, como o distanciamento social, tiveram impactos significativos na redução da transmissão da covid-19, mas também noutras doenças: as mortes por gripe na época 2020/2021 caíram para zero.

Inês Schreck