Portugal deitou ao lixo cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, representando uma taxa de inutilização de 8,5%. A União Europeia já está a renegociar os contratos com as farmacêuticas para reduzir as encomendas para 2023.
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Até ao final de 2022, Portugal destruiu aproximadamente 3,5 milhões de doses de vacinas, adquiridas através do processo de compra centralizada conduzido pela Comissão Europeia, noticia o jornal "Público", esta segunda-feira. Este valor representa "uma taxa de inutilização de 8,5%, uma das menores taxas a nível europeu".
O balanço do Ministério da Saúde revela que, entre 2020 e 2023, Portugal celebrou 14 contratos com seis fornecedores de vacinas. No total, foram encomendadas 61,7 milhões de doses, das quais foram entregues cerca de 40 milhões. E, deste total, foram utilizadas cerca de 28,5 milhões de doses, doadas aproximadamente 8,1 milhões e revendidas mais de 2,6 milhões.
Tal como o JN noticiou no final do ano de 2022, até 30 de novembro já tinham sido deitadas ao lixo cerca de 2,1 milhões de vacinas, atendendo ao prazo de validade dos lotes. À data, o Ministério da Saúde já expectava que, até ao final do ano, se atingisse o termo da validade de 1,3 milhões de doses de vacinas adicionais.
Apesar da adesão à campanha de vacinação ser, em Portugal, uma das mais elevadas do mundo, acabou por afrouxar com o passar do tempo e à medida que a situação epidemiológica se foi normalizando.
Este ano, Portugal deveria receber mais de 20 milhões de vacinas contra a covid-19. No entanto, a Comissão Europeia já está a renegociar os contratos com as farmacêuticas para reduzir as encomendas e para alargar os prazos de entrega.
"A Comissão Europeia, em representação dos Estados-membros da União Europeia, está a conduzir um processo de renegociação de um contrato assinado em 2021, no sentido de o ajustar às atuais circunstâncias epidemiológicas e estratégias de vacinação de cada Estado-membro, flexibilizando as quantidades e compromissos de entrega", explicou o Ministério da Saúde ao jornal "Público".
O maior contrato assinado pela União Europeia foi com a Pfizer/BioNTech, o qual determina que se compre 500 milhões de vacinas este ano. Com o decorrer do tempo são milhões de vacinas que vão parar ao lixo por expirarem o prazo de validade. "Em janeiro, a Alemanha contabilizava cerca de 36,6 milhões de doses cujos prazos estavam a expirar e a Áustria revelou que quase 18 milhões de doses da vacina chegaram ao fim da validade".
Já são vários os países a fazerem pressão para que as negociações avancem, como a Polónia, a Bulgária, a Hungria e a Lituânia, que reclamam uma "maior transparência neste processo e defendem que a Pfizer e outras farmacêuticas devem aceitar renegociar as condições dos contratos e facilitar o cancelamento de encomendas.