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Norte-americano acusado de fornecer informações a autoridades chinesas sobre ativistas

A China foi acusada em outros casos de tentar interferir com ativistas nos EUA que criticam Pequim AFP

Um homem de Boston trabalhou com autoridades do Governo chinês durante aproximadamente quatro anos para manter o controlo sobre ativistas e dissidentes que pediam reformas ​​​​​​​pró-democracia na China, revelaram esta sexta-feira procuradores norte-americanos.

Litang Liang, de 63 anos, um norte-americano que mora em Boston, foi acusado de conspiração para atuar como agente de um Governo estrangeiro e atuar como agente de um Governo estrangeiro sem aviso prévio do procurador-geral dos EUA.

Detido na terça-feira, Liang foi libertado na quinta-feira após se declarar inocente e pagar 25.000 dólares (cerca de 23.000 euros) de fiança, ficando com pulseira eletrónica, de acordo com documentos do tribunal citados pela agência Associated Press (AP).

O norte-americano também entregou o seu passaporte e recebeu ordens para não deixar o Estado de Massachusetts ou ter qualquer contacto com autoridades do Governo chinês.

Liang é acusado de "fornecer ao governo da RPC [República Popular da China] informações sobre indivíduos e organizações da área de Boston", de "organizar um contraprotesto nos Estados Unidos contra dissidentes pró-democracia", de "fornecer fotografias e informações sobre dissidentes sedeados nos EUA a funcionários do governo da RPC" e de "fornecer os nomes de potenciais recrutas ao Ministério da Segurança Pública da RPC", de acordo com documentos judiciais.

O objetivo era "avançar secretamente os objetivos e a agenda do Governo da RPC nos Estados Unidos", refere a acusação.

A China foi acusada em outros casos de tentar interferir com ativistas nos EUA que criticam Pequim.

No mês passado, dois homens foram acusados pelas autoridades dos EUA de ajudar a estabelecer uma esquadra de polícia secreta na cidade de Nova Iorque em nome do Governo chinês e cerca de três dúzias de oficiais da força policial nacional da China foram acusados de utilizar a comunicação social para assediar dissidentes dentro dos Estados Unidos.

A cooperação de Liang com o Governo chinês começou em 2018 e durou pelo menos até ao ano passado, referiram os procuradores.

Num dos casos, Liang enviou a um oficial do Governo chinês fotos e vídeos de um ativista estudantil que acreditava ser o responsável por destruir bandeiras chinesas durante um protesto de 2018 no bairro de Chinatown, em Boston.

Liang organizou um evento em Boston em 2018 que contou com a presença de pelo menos duas autoridades do Governo chinês, um dos quais perguntou a Liang o nome de uma pessoa que compareceu e que trabalhava para uma autoridade eleita de Boston.

Liang forneceu o nome conforme solicitado, disseram as autoridades. Os documentos do tribunal não mencionam o nome da autoridade local.

O norte-americano teve contactos com diplomatas chineses de alto escalão nos Estados Unidos, do Ministério da Segurança Pública e do Departamento de Trabalho da Frente Unida, que reporta diretamente ao Comité Central do Partido Comunista Chinês para promover os objetivos do partido, frisaram ainda os procuradores.

O homem de Boston também é acusado de fornecer a autoridades do Governo chinês os nomes e afiliações profissionais de duas pessoas na região de Boston para possível recrutamento pelo Ministério de Segurança Pública da China, destaca a acusação.

JN/Agências