Lisboa

364 mil excessos de velocidade dão 4,5 milhões de euros num ano à Câmara de Lisboa

Câmara substituiu 21 radares antigos e instalou outros 20 há um ano Arquivo Global Imagens

Avenida Lusíada lidera com mais de 60 mil infrações detetadas pelos novos radares. Um condutor foi apanhado a 240 km/h.

Um ano depois da Câmara de Lisboa ter instalado 41 novos radares de controlo de velocidade, em várias avenidas da capital, foram cometidas perto de 364 mil (363942) infrações e a Autarquia arrecadou 4,5 milhões de euros com as multas. A Avenida Lusíada, com 60588 infrações num ano, é aquela onde mais se infringe a lei, dados que não surpreendem o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa.

"Entre 1 de junho de 2022 e 23 de maio deste ano, foram cometidas 363942 infrações, em Lisboa, e o valor da receita para a Câmara de Lisboa foi de 4,5 milhões de euros", segundo dados enviados ao JN pelo município.

É na Avenida Lusíada, na zona junto ao Hospital Lusíadas, onde se registou o maior número de contraordenações (60588). Os maiores excessos de velocidade sentem-se ainda na Avenida Eusébio da Silva Ferreira (Segunda Circular) junto ao Centro Comercial Fonte Nova, com 41683 multas, e na Avenida Padre Cruz, com 21371 infratores.

Sem surpresa para a Prevenção Rodoviária

O presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, José Miguel Trigoso, disse esta quinta-feira ao JN que os dados "não são muito surpreendentes, tendo em conta os locais onde foram cometidas mais infrações". "Basta circular nessas zonas, nomeadamente na Avenida Lusíada em que a velocidade máxima é de 50 km/h e a via tem uma largura e uma distância de visibilidade que convida com bastante facilidade a práticas de maiores velocidades. É difícil, uma pessoa distrai-se e já vai a mais de 50 km/h", diz, acrescentando que "a sinistralidade dentro das localidades é muitíssimo elevada e um dos meios que deve ser utilizado (para a evitar) é a fiscalização".

José Miguel Trigoso considera que "o controlo de velocidade é importante porque pessoas autuadas uma ou duas vezes vão ter mais atenção à velocidade, mas não se faz só com radares e penas". "Nas vias urbanas devia haver de forma explícita normas de boas práticas. O controle da velocidade faz-se através da formação, de forma que as pessoas percebam quais são as consequências. As penas devem conter uma parte pedagógica", defende.

A velocidade máxima detetada pelos radares municipais, no último ano, foi de 240 km/h na Avenida Marechal Craveiro Lopes (Segunda Circular), em junho passado, junto ao posto de combustível da Repsol, no sentido aeroporto-Benfica, onde a velocidade máxima permitida é de 80 km/h.

Há um ano, a Câmara de Lisboa substituiu 21 radares antigos e instalou outros 20 com tecnologia mais avançada que permite perceber e detetar situações que os aparelhos anteriores não permitiam. Estes 41 equipamentos conseguem identificar infrações nos dois sentidos e têm maior alcance. Todos os locais onde existem radares têm um painel a avisar os condutores da sua presença.

Quando anunciou a entrada em funcionamento destes dispositivos, o vereador da mobilidade na altura, Ângelo Pereira, disse que "os únicos objetivos" da medida era "aumentar a segurança rodoviária e diminuir os acidentes na cidade" e que os radares não deviam ser punitivos.

O JN perguntou à Câmara quais as melhorias sentidas em termos de tráfego e se os acidentes diminuíram após a instalação dos dispositivos, mas não obteve resposta .

A autarquia adianta que "não está prevista a instalação de radares adicionais além dos que já estão instalados e que foram assumidos no anterior mandato autárquico".