"Levei porrada de três fiscais". Condutor acusa funcionários da EMEL de agressão "bárbara"
Um condutor de 35 anos foi espancado, na manhã de segunda-feira, por três agentes de fiscalização de trânsito da EMEL na Avenida da República, em Lisboa. O homem estava no interior da sua viatura, à espera da mulher, parado numa entrada de uma garagem quando foi surpreendido por um fiscal que lhe disse que não poderia ali estar.
Corpo do artigo
"Eu parei numa entrada/saída de garagem. Não é uma zona de parquímetro. Na zona em frente é que há um sinal a dizer que nos lugares seguintes é que é proibido estacionar e parar", começa por contar ao JN Hélder M., referindo que um funcionário da empresa, que passava de mota, parou junto da sua viatura e pediu para que a retirasse daquele sítio.
O condutor recusou-se a acatar aquela ordem, alegando que não havia nenhum sinal que o impedisse de estar ali parado "de quatro piscas ligados e com o carro a trabalhar", tendo-se gerado uma troca de palavras menos agradáveis entre os dois.
"Ele disse que ia autuar-me e eu respondi-lhe que ia chamar a Polícia. Foi neste momento que um outro funcionário, que seguia atrás numa carrinha da EMEL acompanhado, se aproximou de mim e encostou a cabeça à minha testa e começou a injuriar-me. Disse-lhe que a conversa não era com ele e levei um soco. Caí redondo no chão. Tentei fugir e levei porrada de três fiscais. Até que os populares conseguiram-me tirar de lá", explica.
O condutor garante que pára naquele sítio todos os dias para ir buscar a mulher que trabalha ali perto. "Já passou Polícia Municipal, PSP, GNR, pessoal da EMEL e nunca aconteceu nada. Porquê? Porque eu estou lá, de quatro piscas ligados e com o carro a trabalhar. É uma questão de três, quatro minutos. Eu não abandono o carro", assegura, classificando a agressão de "bárbara".
A vítima ficou com o septo nasal partido assim como sem um dente. Foi assistida no local e transportada para o Hospital de São José, em Lisboa, onde permaneceu até às 21 horas. Regressa à unidade no sábado para saber se terá de ser operado ao nariz.
"Tenho miopia e astigmatismo e não sei onde ficaram os óculos. Tive de pedir a terceiros para me tirarem o carro que ainda estava de vidros abertos e a trabalhar", conta, garantindo que até agora só foi contactado pelo adjunto do vereador da Câmara de Lisboa Ângelo Pereira. Da EMEL nem uma palavra.
A PSP confirmou à Lusa ter identificado as pessoas envolvidas no incidente, todos funcionários da EMEL, com idades entre 43 e 47 anos, mas sem detenções até ao momento.
EMEL abriu inquérito
Em comunicado enviado ao JN, a empresa responsável pela regulação e fiscalização do estacionamento na cidade de Lisboa esclarece que "instaurou de imediato um inquérito para apurar responsabilidades disciplinares e quanto à eventual violação do Código de Conduta em vigor na empresa, colocando desde já os agentes de fiscalização envolvidos nesta situação em funções que não envolvam o contacto com o público, até decidir, se for o caso, a sua suspensão preventiva."
A EMEL acrescenta ainda que "repudia todos os atos de violência que decorram do exercício dessas competências, lamentando desde já a situação de violência ocorrida".