Vários fiéis mostraram-se hoje, domingo, satisfeitos com as declarações do Papa em relação à utilização do preservativo em "certos casos", enaltecendo a coragem de Bento VXI.
O Papa admitiu, numa entrevista que sairá em livro na quarta-feira, a utilização do preservativo "em certos casos", referindo-se concretamente à redução dos riscos de contaminação do vírus da sida.
Poucos minutos antes de participar em mais uma missa dominical na igreja de São José, em Olivais, Maria José disse à Lusa que "o Papa foi muito forte e fez bem em ter tomado esta posição".
Também Lucília Mateus, catequista na mesma paróquia, sublinhou o "passo em frente" dado por Bento XVI e pela Igreja que, segundo disse, deu provas de não ser retrógrada, mas, muito actualizada.
"Achei muito bem e ainda bem que fez eco, que é para as pessoas verem que a Igreja não é retrógrada, que está muito actualizada, ainda que por vezes não pareça", afirmou.
A opinião foi partilhada por José Fontes que considerou a posição do Papa como "um passo para alteração do pensamento da Igreja".
Por outro lado, Maria Augusta e Albino Máximo realçaram que o preservativo deve ser utilizado só em certos casos.
Os dois fiéis concordam com a utilização do contraceptivo mas apenas para prevenir a transmissão de doenças, tal como foi frisado pelo Papa.
Na Igreja de Santo António, no Estoril, à entrada para a missa das 12 horas, o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, mostrou-se positivamente surpreendido e enalteceu a "atitude corajosa e inadiável" de Bento XVI.
"Acho que este Papa, embora seja tido como conservador, teve coragem de ultrapassar uma barreira e deu um contributo muito importante no combate a esse enorme flagelo que é a sida", afirmou o autarca.
Da mesma forma, desta vez na igreja da Basílica da Estrela, Carolina Mendes, de 19 anos, manifestou-se também a favor do uso do preservativo, defendendo, contudo, que deveria ser permitido por completo.
"Acho que foi uma boa declaração do Papa. A pouco e pouco a Igreja vai-se adaptando e é uma questão de tempo até que aceite por completo o uso do preservativo", defendeu a jovem.
Pela primeira vez, um Papa admitiu a utilização do preservativo.
"Em certos casos, quando a intenção é reduzir o risco de contaminação, este pode mesmo ser um primeiro passo para abrir caminho a uma sexualidade mais humana, de outra forma vazia", afirma Bento XVI.
Até hoje, o Vaticano sempre baniu toda e qualquer forma de contracepção, excepto a abstinência sexual, mesmo relativamente à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.