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Trancoso e Vila Real causam apreensão em novo dia com mais de 100 fogos

Quatro povoações em Trancoso estão a ser afetadas pelo incêndio MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA

O número de incêndios em Portugal continental duplicou de sábado para domingo. Segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANEPC), entre a meia-noite e as 17 horas de hoje fora registadas 108 ignições, praticamente o dobro das 55 que tinham sido identificadas ontem.

"Mais uma vez, ultrapassamos as 100 ocorrências", disse Mário Silvestre, comandante nacional da ANEPC. "É muito acima do que seria expectável par a situação meteorológica que estamos a viver", acrescentou, num balanço feito às 17 horas.

A Região do Tâmega e Sousa, com 34 ocorrências, e a Área Metropolitana do Porto (AMP), com 21, registaram metade das ocorrências do dia.

"As ocorrências mais significativas em curso a esta hora são: Sirarelhos, em Vila Real, Alvadia, em Ribeira de Pena (distrito de Vila Real); Frexes e Torres, em Trancoso (Guarda) e Pereira, na Covilhã (Castelo Branco)", anunciou Mário Silvestre. Estes incêndios mobilizavam 1245 operacionais, 392 veículos e 19 meios aéreos de ataque ampliado.

Segundo Mário Silvestre, à hora da comunicação ao país, o fogo em Trancoso, que chegou a estar dominado, sofreu uma reativação cerca do meio dia deste domingo e era dos mais preocupantes, mobilizando, 581 bombeiros, 190 viaturas e quatro meios aéreos. Segundo o comandante nacional da ANEPC, o fogo progrediu muito depressa e ficou fora da "capacidade de supressão", tendo havido a necessidade de o gerir até que seja possível fazer trabalho efetivo de combate, o que só acontecerá durante a noite.

"É esperada uma perda de intensidade durante a noite e com uma janela de oportunidade para combater o incêndio entre as 00:00 e as 8 horas, com o aumento da humidade e a diminuição da velocidade do vento", disse Mário Silvestre. "E com o decréscimo da altura da camada limite irá permitir-nos, durante a noite, ter trabalho efetivo no incêndio, ou seja, começarmos a combater este incêndio", assumiu o comandante nacional da ANEPC.

Mário Silvestre alertou que, dada a rotação do vento, para leste/nordeste, na direção de Moreira de Rei, Golfar e Souto Maior, foi informado o dispositivo de combate que se estava a posicionar para fazer proteções periféricas às aldeias ameaçadas. A intensidade com que o fogo se reativou motivou a ativação do Plano Municipal de Proteção Civil de Trancoso.

"No último levantamento que fizemos, pelas 15 horas, a área ardida deste incêndio era de 3.700 hectares, com um perímetro de cerca de 15 quilómetros", informou o comandante nacional da ANEPC.

Em Vila Real, incêndio que lavra na serra do Alvão, está a causar preocupações junto à aldeia de Relva, onde as pessoas mais idosas foram retiradas por precaução devido ao incêndio que se reativou no sábado à noite. A informação foi avançada pelo presidente da Junta de Freguesia de Borbela e Lamas de Olo, José Armando, à agência Lusa, pelas 18.15 horas.

O incêndio começou no sábado, dia 2, em Sirarelhos, entrou em fase de resolução na quarta-feira, esteve em conclusão e reativou-se no sábado à noite, pelas 21.06 horas. Ganhou dimensão esta tarde devido ao vento forte e às altas temperaturas.

A serra do Alvão espalha-se por Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Vila Real e Mondim de Basto, e, no espaço de uma semana, já ardeu área dos quatro concelhos, em três incêndios diferentes (Sirarelhos, Pinduradouro e Alvadia), que se traduziram numa área ardida, no total, ultrapassaram os quatro mil hectares.

Durante o dia, quatro operacionais foram assistidos e outros tantos evacuados par ao hospital. "Felizmente são feridos leves e já regressaram a casa", disse Mário Silvestre, sublinhando que também um civil necessitou de assistência média. Além dos fogos maiores, outras 47 ocorrências, entre rescaldo e controlo das chamas, envolveram durante o dia 1002 operacionais, 297 viaturas e oito meios aéreos.

O comandante nacional da ANEPC recordou que a situação de alerta até ao dia 13. O distrito de Vila Real está em aviso vermelho por causa do calor entre as 09:00 de sábado e as 00:00 de segunda-feira, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Augusto Correia